Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3726730187855170
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0549-5079
FORMAÇÃO E ÁREAS DE INTERESSE (breve currículo):
Doutora em Artes Cênicas pela Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Atua nos campos da direção teatral, da cenografia, da dramaturgia e da tradução teatral. Interessa-se pelas mutações estéticas e dramatúrgicas da cena contemporânea, dialogando com os seguintes temas: composições cenográficas, relações entre a presença e o espaço, percepções audiovisuais da cena (utilização de novas tecnologias), formas textuais e cênicas do drama contemporâneo.
PROJETO ATUAL:
Fotocênico - pegadas fotográficas no fazer da cena contemporânea
Se a pintura, apoderando-se da técnica da perspectiva, foi um modelo predominante para a concepçāo do espaço cênico do Renascimento até o início do século XX, a fotografia por sua vez, a medida em que a luz elétrica entra em jogo, torna-se operante no fazer da cena moderna e sobretudo contemporânea. Buscando desdobrar esta hipótese, o projeto abre um vasto campo de investigaçāo e experimentaçāo, ainda pouco desenvolvido, sobre as relaçōes entre artes cênicas e a fotografia, com o objetivo de apreender como a técnica, o gesto e a linguagem fotográfica se inscrevem nas concepçōes e práticas cênicas contemporâneas. Trata-se portanto de um estudo de linguagem prático-teórico, no qual os conceitos fotográficos - tais como o tempo de exposiçāo, a profundidade de campo, a fotogenia, a pose, o preto e branco, a distância focal, o flash, o enquadramento, a fotonovela... – são postos à prova do fazer da cena. Neste sentido, o projeto envolve simultaneamente questões de cenografia, de iluminação, de atuação, de dramaturgia e de encenação. A partir de análises de processos de criaçāo e de obras fotográficas, entrevistas e laboratórios de experimentaçāo, pretende-se elaborar um caderno de práticas e um léxico fotocênicos.
De Cor (de coraçāo): o texto e a fala no trabalho da atriz e do ator.
É curioso constatar que dentro dos estudos sobre a atuaçāo e sua direçāo, raríssimas sāo as referências ao aprender de cor, atividade que, no entanto, compōe indiscutivelmente o ofício da atriz e do ator. Mesmo considerando a clara tendência à descentralização do texto no compor da cena, poucos sāo os processos de criaçāo que dispensam completamente seus atuantes desta tarefa. Fato é que no conjunto de eixos que pautam a formação da atriz e do ator (treinamento vocal, improvisaçāo, práticas de consciência corporal e espacial, ferramentas e métodos para construçāo de personagem, etc.), existe o que poderíamos chamar de uma lacuna teórica no que diz respeito à memorizaçāo do texto, como se essa atividade nāo necessitasse teorizaçāo, tampouco um aprendizado específico. Silenciar essa parte do trabalho de atuaçāo é também desviar de uma reflexāo mais aprofundada sobre a importância da memória textual que uma atriz ou ator constrói e transporta em sua trajetória.
A hipótese a ser desenvolvida é que aprender textos de cor pode ser uma prática de formaçāo e de treinamento extremamente rica para a atriz e ator e, até mesmo, uma possivel poética de seu ofício, um exercício/desafio de alteridade.
Para além de uma dicotomia entre o oral e o escrito, busca-se refletir sobre o fenômeno da oralidade e suas relaçōes com a memória, a imaginaçāo e a presença. O que está em jogo quando decoramos um texto. Quais faculdades cognitivas sāo solicitadas pela transmissāo de um texto pela fala e como uma atriz ou um ator pode trabalhá-las em funçāo de suas aptidōes e dificuldades específicas?
As possíveis respostas virāo de práticas, desde as ditas “Artes da Memória” elaboradas na Antiguidade e na Idade Média às técnicas e procedimentos de atrizes, atores e diretores contemporâneos. Apreender a diversidade dessas abordagens é também uma maneira de mapear diferentes formas de produção textual e as formas como a palavra é tratada no compor da cena.
Última atualização: 18/07/2021