"O encontro com vocês é o encontro da civilização"

Publicada em 19/01/2023

Assim falou o presidente Lula na abertura da reunião com os reitores das universidades públicas e institutos federais, nesta quinta, 19, no Palácio do Planalto, em Brasília. A agenda marcou a retomada de encontros anuais entre a Presidência da República, ministros e dirigentes das instituições de ensino, iniciados na gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Educação (2005-2012), durante os governos Lula e Dilma Rousseff.

O presidente Lula fez questão de frisar a volta da agenda com os reitores. “Estamos começando um novo momento, sei do obscurantismo que se viveu nos últimos quatro anos, e eu quero dizer que estamos saindo das trevas para voltar à luminosidade de um novo tempo”, anunciou.

O papel central da educação em seu projeto de governo e de nação foi outro destaque no discurso do presidente. “Não existe, na história da humanidade, nenhum país que conseguiu se desenvolver sem que antes tivesse resolvido o problema da formação do seu povo.”

Representantes de 106 instituições estiveram presentes na reunião, entre os quais o reitor Marcelo Andrade. Acompanharam o presidente na reunião os ministros da Educação, Camilo Santana; da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo; e da Casa Civil, Rui Costa, além de encarregados de órgãos como a Capes e o CNPq. Também discursaram os reitores Ricardo Marcelo Fonseca, da Federal do Paraná; Sandra Regina Goulart Almeida, da Federal de Minas Gerais; Joana Angélica Guimarães da Luz, da Federal do Sul da Bahia (UFSB); e Emmanuel Zagury Tourinho, da Federal do Pará.

Para o reitor da UFSJ, foi um dia histórico. “Reunir todos os reitores e reitoras das universidades federais e dos institutos federais sem dúvida nenhuma é um marco. Saímos do desrespeito que era nossa realidade, para o reconhecimento de sermos produtores de ciência, tecnologia e inclusão. É a chance de nos fortalecermos para crescer ainda mais.”

Simbologia
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ricardo Marcelo Fonseca (UFPR), emocionado, destacou a importância desse encontro ter voltado à pauta logo no primeiro mês de gestão. “Essa geração de reitores e reitoras – e creio que parte da geração anterior – não sabe o que isso significa, porque nunca experimentou uma reunião com o presidente da República, no Palácio do Planalto. Tenho certeza de que é um gesto carregado de simbologia.”

Ricardo Fonseca fez um resgate das dificuldades enfrentadas pelas universidades e institutos ao longo dos quatro anos do último governo. “Nossas universidades federais foram maltratadas, detratadas e esganadas orçamentariamente. Fomos colocados como alvo e, pior, fomos alijados do nosso papel natural, que é estar a serviço do Brasil nos projetos de desenvolvimento nacional”, lembrou.

O presidente da Andifes falou ainda da disposição de as universidades e institutos retomarem seu papel. “Esse conjunto [de instituições] quer apresentar a esse governo sua firme disposição de estar a serviço do Brasil a partir de agora. Nós sabemos que o berço da produção de ciência e tecnologia são as universidades públicas brasileiras, e sem ciência e tecnologia não há desenvolvimento, não há soberania, não há civilidade.”

Por fim, o dirigente lembrou a atuação das universidades na defesa da democracia e reforçou a importância de contribuírem em diferentes esferas. “Queremos nos colocar a serviço dos projetos estratégicos do Brasil, nas áreas de meio ambiente, energia limpa, reindustrialização e educação, para acabar com essa dualidade entre a educação superior e os demais níveis de ensino, porque as universidades entendem que a educação básica e os outros níveis de educação também são assuntos nossos”, completou.

Patrimônio da inteligência
O encontro também teve por objetivo apresentar os reitores aos novos ministros da Educação, Camilo Santana, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.

Luciana Santos lembrou que as universidades são um patrimônio da inteligência brasileira e defendeu que, apenas por meio da Ciência é possível resolver os problemas do país, em diferentes esferas. Para isso, será preciso resgatar valores civilizatórios, ignorados e até combatidos nos últimos anos. A ministra advogou também a necessidade de um ambiente democrático para o desenvolvimento da Ciência e afirmou que, à frente da pasta, terá atuação incansável para assegurar os recursos necessários para a ciência e a tecnologia brasileiras.

Camilo Santana falou sobre a importância do ensino, em seus diferentes níveis, entre os quais o superior, que voltará, segundo ele, a ter a devida valorização no terceiro governo Lula e na gestão do MEC. O diálogo, com todos os atores da Educação, voltará a ser realidade, para a superação conjunta dos desafios que se impõem à pasta: a ampliação da oferta de vagas, o combate à evasão escolar, o resgate de obras paralisadas e o reajuste de bolsas. Sobre as bolsas Capes, o presidente Lula solicitou um estudo sobre os valores necessários para o reajuste. Ao final da reunião, o presidente se comprometeu a realizar novas reuniões ao longo do seu mandato. Novos tempos!

Andifes
A diretoria da Andifes esteve em audiência, nesta quarta, 18, com o ministro da Educação, Camilo Santana, com a secretária de Educação Superior, Denise Pires Carvalho, e com os chefes de Gabinete e de Comunicação do MEC. Além do presidente, Ricardo Marcelo Fonseca, a entidade foi representada por seus quatro vice-presidentes: os reitores Alfredo Macedo Gomes (UFPE), Dácio Roberto Matheus (UFABC), Evandro Aparecido Soares da Silva (UFMT) e Marcele Regina Nogueira Pereira (UNIR), e pelo secretário executivo, Gustavo Balduino.

No encontro, foi apresentado ao ministro um conjunto de temas de relevância para as universidades federais, tais como orçamento, autonomia, assistência estudantil e interação com a Educação Básica. “Foi uma reunião com diálogo aberto, com muito respeito e com o ministro se mostrando em consonância com as pautas que são fundamentais para as universidades federais”, detalhou Marcelo Fonseca.

De acordo com o ministro da Educação, o MEC está de portas abertas para as universidades e o atual governo quer dialogar e reconstruir pontes, buscando sempre o consenso e o respeito pela autonomia. “Sou um árduo defensor das universidades federais e da ciência e tecnologia, que vejo como estratégicas para o país”, afirmou. E acrescentou: “Não há desenvolvimento sem universidades. Por isso, queremos a Academia dentro do MEC e das secretarias específicas, como parte de uma política de Estado efetiva; e as universidades são especialistas nas pautas que são importantes para nós.”

Os reitores convidaram o ministro para a próxima reunião do Conselho Pleno da Andifes, o que foi prontamente atendido.
 

Com informações do Portal UFMG e Assessoria de Comunicação da Andifes
Foto: Ricardo Stuckert