Simpósio discute comunicação, política e as eleições de 2022

Publicada em 11/11/2022

A mesa sobre O panorama das eleições abriu, na noite desta quarta, 9, a programação oficial do II Congresso de Comunicação do Campo das Vertentes em conjunto com o II Simpósio Nacional de Comunicação Política. A promoção é do Departamento de Comunicação Social Jornalismo – (Dcoms), do Programa de Pós-Graduação em Letras (Promel), ambos da UFSJ, além do grupo de pesquisa Comunicação, Identidade e Cidadania, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Paulista (UNIP).

O debate em torno do panorama geral das eleições de 2022 contou com a participação do vice-prefeito de Barroso, Eduardo Pinto (Cidadania), do deputado estadual Cristiano Silveira (PT) e do professor Antônio Luiz Assunção (Promel), tendo como mediadora a professora Luciene Tófoli, do Dcoms, atual assessora de Relações Institucionais e Corporativas da UFSJ.

Eleições, fake news e importância da informação
Num debate que garantiu a audiência do público por duas horas e meia, as abordagens foram complementares, com a visão dos atores político-partidários, deputado estadual Cristiano Silveira e o vice-prefeito de Barroso, Eduardo Pinto, e o ponto de vista acadêmico, baseado na visão científica trazida pelo professor e pesquisador do Promel, Antônio Luiz Assunção, a partir da perspectiva linguística.

Cristiano Silveira, que falou sobre sua trajetória na política – quando atuou como líder estudantil na União Municipal dos Estudantes (Umes), no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSJ, na Prefeitura de São João del-Rei e, atualmente, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais –, destacou o esforço da campanha de Lula para vencer as eleições. Segundo ele, essa foi, com certeza, a eleição mais disputada no Brasil depois da redemocratização. O parlamentar fez questão de ressaltar que a chapa encabeçada pelo petista lutou não apenas contra Bolsonaro e a extrema-direita, mas contra toda a máquina de Estado e as artimanhas que possibilitaram a compra de votos, por meio de medidas eleitoreiras como o bolsa-caminhoneiro e o bolsa-taxista.

Por outro lado, o deputado estadual falou da luta contra o “rolo compressor” do governo Zema que, no segundo turno, ficou ao lado de Bolsonaro e usou do poder da máquina administrativa e da liberação de verbas para a conquista do apoio de prefeitos e eleitores, principalmente em cidades menores, onde fake news e ameaças, como o fim de programas de cunho social, foram constantes.

Aliás, as fake news deram o tom do debate em muitos momentos. Cristiano Silveira, que foi um dos coordenadores da campanha de Lula em Minas Gerais, falou da luta para combater as notícias falsas. Ele ressaltou que, a cada 12 horas, havia o disparo de uma nova fake news, o que, em muitos momentos, impunha o desafio do desmentido que, muitas vezes, não era eficiente.

Já o vice-prefeito de Barroso, Eduardo Pinto, apresentou sua visão sobre as eleições a partir de uma ótica de cidade do interior. Jornalista formado pela Uni-BH, o político demonstrou a dificuldade que existe em se combater as mentiras em cidades menores, fazendo pontuações sobre seu trabalho à frente do Executivo da cidade para educar a população sobre política e serviços públicos.

Na visão de Eduardo, o ideal seria a conscientização da sociedade por meio da educação, desde os anos iniciais do ingresso na vida escolar. Como integrante do poder Executivo, ele ressaltou que, muitas vezes, a própria administração não sabe como agir frente às notícias falsas e quem acaba sendo prejudicada é a própria população.

Vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFSJ, Antônio Assunção fez uma análise do panorama eleitoral a partir das contribuições do semanticista cognitivista George Lakoff. Partindo do conceito de frame, o professor chamou a atenção para os mecanismos cognitivos acionados a partir deles, e de como são responsáveis pela organização de pensamentos, ideias e visões de mundo. O pesquisador disse que a estratégia foi amplamente utilizada na campanha, principalmente a partir das fake news e da cobertura jornalística. A partir de alguns frames, como as palavras corrupção ou
comunismo, por exemplo, é desencadeado todo um processo inconsciente capaz de estruturar contextos e significados.

Na opinião de Antônio Assunção, um dos cuidados para se ter nesse momento é o comportamento da imprensa hegemônica em relação ao novo governo. Citando uma manchete publicada por um grande portal de notícias (Moraes mantém ofensiva contra bolsonaristas após eleição), ele destacou o caráter bélico da linguagem jornalística e de como uma análise dessa linguagem pode apontar para um posicionamento dos atores no processo político e social.

A programação pode ser acessada aqui.
 

Arthur do Vale (estudante Dcoms/Jornalismo UFSJ)
Luciene Tófoli (professora Dcoms/Jornalismo UFSJ)
Fotos: Mosaico Comunicação Júnior