Equipes de pesquisa da UFSJ são selecionadas em projeto do Sebrae

Publicada em 09/04/2021 - Fonte: ASCOM

Três equipes de pesquisa do Departamento de Ciências Naturais da UFSJ (Dcnat) foram selecionadas no Edital Catalisa ICT de Pesquisas com Potencial de Inovação do Sebrae. Serão mil equipes treinadas nessa etapa, entre mais de três mil inscritas. A lista completa dos projetos selecionados pode ser consultada neste link.

A equipe do Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfofuncionais (PPGCM), formada pelas professoras Raquel Alves Costa e Érika Lorena Fonseca Costa de Alvarenga, e pelos mestres Monique Macedo Coelho e Bruno Henrique Costa, é uma delas.

Orthopedicnanocure se dedica ao estudo de reparos ósseos e cartilaginosos, tema do estudo de mestrado dos dois alunos da equipe. “No caso da Monique”, destaca Raquel, “observamos o potencial que nanopartículas de ouro associadas a uma proteína da dieta têm como imunizante, que injetamos em animais, com uma proposta muito boa de melhora no reparo de lesão de cartilagem.” O resultado do trabalho de Bruno, por sua vez, mostra avanço no processo de reparação óssea. “No reparo de cicatrizes, usamos essa proteína da dieta com uma nanopartícula de ouro para imunizar. Esse princípio já vem sendo estudado por mim há mais de 15 anos no processo de cicatrização” , explica.

Raquel conta ainda que nessa etapa de treinamento, o objetivo é que a equipe possa aprender a estruturar um plano de negócios e se capacitar para concorrer à etapa seguinte do Catalisa ICT, um edital público que selecionará 270 equipes universitárias, oferecendo financiamento da ordem de R$ 150 mil.

Nanotecnologia
As outras duas equipes selecionadas têm como consultor científico o professor Marco Antônio Schiavon, e como sócio-fundadores os doutorandos André Felipe Vale da Fonseca, do Programa de Pós-Graduação Multicêntrica em Química (PPGMQ-MG), e Brener Rodrigo de Carvalho Vale, do Programa de Pós-Graduação em Física e Química de Materiais (FQMAT).

Aqui, a proposta foi criar uma startup, a TechDots, focada em pontos quânticos para comercialização e aplicação. “Por motivos de organização e para melhor trabalharmos nas duas vertentes da empresa – comercialização dos nanomateriais e desenvolvimento de soluções tecnológicas –, nos dividimos em dois projetos”, comenta André.

Fotossíntese inteligente utilizando nanotecnologia de pontos quânticos, proposto por Brener Vale, tem na equipe a mestranda Letícia Magalhães e o graduando Rafael Mourão. A intenção é fazer filmes de pontos quânticos e utilizá-los numa estufa. Como é possível controlar as propriedades de absorção e emissão do ponto quântico, o filme irá absorver a luz que não é aproveitada pela planta e emiti-la naquela cor, mais interessante para o crescimento de determinada planta. Com o controle do tamanho do material é possível cobrir uma grande variedade de plantas.

Brener esclarece: “Nosso maior objetivo é que nossa pesquisa saia da bancada de laboratório e chegue até o consumidor final, de forma que a sociedade se beneficie do conhecimento que foi desenvolvido na Universidade.” A oportunidade é também aprender, por meio do Catalisa ICT, sobre inovação e empreendedorismo, “lacunas em nossa formação de pesquisadores."

O projeto Pontos quânticos: impulsionando a nanotecnologia nacional, a cargo de André Fonseca, conta com a mestranda Thais Adriany na equipe. Os pontos quânticos são nanomateriais que apresentam excelentes propriedades de emissão e absorção de luz, dependentes de seu tamanho. Essas propriedades são importantíssimas do ponto de vista tecnológico da aplicação em células solares/LEDs. No entanto, grupos e empresas ainda têm que importá-los do exterior, tornando o processo lento e de maior custo. O grupo, que possui experiência na síntese desses nanomateriais, criou a ideia da startup para aproximar essa tecnologia de empresas e de pesquisadores nacionais, visando baixo custo com eficiência. “Será uma jornada importantíssima de aprendizado, na qual agregaremos os conhecimentos de empreendedorismo ao âmbito acadêmico, aplicando uma visão de mercado ao que, até aqui, desenvolvemos com olhares puramente científicos”, avalia André.

Marco Antônio Schiavon destaca ser essa a primeira participação das equipes de pesquisa que coordena em editais desse teor. Conseguir emplacar dois projetos, nesse momento econômico restritivo, no país e no mundo, “é um avanço e uma conquista”. O pesquisador segue a análise: “Sentimos que nosso grupo de pesquisa está pronto para se lançar na área empresarial. Após a construção de nossos fundamentos científicos, formação e aprofundamento de conhecimento na área, temos condição de apresentar aplicações e empreender no mercado nacional, para contribuir com o desenvolvimento de formação de empresas de bases tecnológicas para o Brasil”, orgulha-se.

O que é o Catalisa ICT
Trata-se de um projeto que aproxima as universidades, como detentoras de quantidade expressiva de conhecimentos, e o mercado de trabalho, por meio de negócios inovadores de base tecnológica. O objetivo do Sebrae é estimular o desenvolvimento econômico e social do Brasil, incentivando uma jornada de aceleração que oferece a pesquisadores capacitação em gestão, mentorias, fomento a projetos e acesso ao universo empresarial.

O Catalisa ICT compreende aceleração e fomento ao pesquisador, da academia ao mercado, que inclui, em cada etapa, gates de seleção com base em critérios de mérito quanto ao potencial de inovação da proposta. A ideia é catalisar soluções inovadoras que resolvam demandas ou problemas de empresas, governo, sociedade e ambiente, por meio da indução e dinamização de conexões entre os atores-chave dos ecossistemas de inovação brasileiros, de forma digital, colaborativa, democrática e escalável.