Reitoria e Conep reafirmam cumprimento do calendário do ensino remoto

Publicada em 14/12/2020

O reitor da Universidade Federal de São João del-Rei, Marcelo Pereira de Andrade, reafirmou, essa semana, durante reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Conep), que a UFSJ vai cumprir o calendário já aprovado para o segundo período de ensino remoto, que começa em 25 de janeiro e vai até 17 de abril. A declaração do reitor diz respeito à portaria de MEC que prevê o retorno das aulas presenciais a partir de 1º de março de 2021.

Marcelo reafirmou que o compromisso da UFSJ é com a preservação da vida e da saúde das pessoas. “Nas universidades públicas está uma boa parcela da massa crítica da sociedade e, se não zelarmos pela saúde da comunidade, que exemplo estaremos dando para os alunos que estamos formando?”, questionou.

A posição do reitor foi ratificada pelos membros do Conep. O professor Marconi de Arruda Pereira enfatizou ser este um momento de se agir com tranquilidade e prudência. Marconi disse que é preciso, antes de tudo, preservar a saúde física e mental das pessoas. “O que eu vejo hoje é uma avalanche de desinformação. Há uma confusão generalizada. Precisamos deixar claro o tanto de trabalho que foi feito por nós, pelos alunos, pelos técnicos-administrativos. A Universidade não está parada. Ao contrário, estamos entregando muita coisa para a sociedade”, pontuou.

Marcelo acrescentou que, de fato, desde a posse da nova gestão, em maio, muito trabalho foi feito, em todos os setores. “Não descansamos um dia sequer. Apesar de todas as dificuldades, já realizamos muito e continuamos a realizar. Nessa pandemia, é voz geral que duas instituições públicas têm sido protagonistas na luta contra a Covid-19: o SUS, até pouco tempo ameaçado de extinção, e as universidades públicas, que despontaram nas pesquisas, na fabricação de insumos básicos para o combate à doença e em vários projetos de extensão, estendendo a mão à sociedade em geral.”

Além de todo o trabalho que está sendo feito, a professora Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo fez questão de exaltar a autonomia universitária, da qual não se pode abrir mão. “Temos feito um esforço hercúleo, todo mundo trabalhando muito, ministrando aulas, promovendo eventos. O calendário do MEC se desvirtua daquilo que está sendo dito pelas autoridades de Saúde. Os números da pandemia estão cada vez maiores. A decisão do MEC é desviante e casuística. As instituições são fortes e vamos resistir”, ressaltou.

O professor Peter de Matos Campos chamou a atenção para o fato de que, uma volta presencial, ainda que em março, pode ser desastrosa. “É uma portaria que pensa mais no ensino privado do que nas universidades públicas. Além de insistir numa imagem de que professores e técnicos das universidades não trabalham e que os alunos não estudam. É fundamental pensar na segurança da comunidade interna e externa. Nós temos alunos de várias cidades e estados, imagina o que esse deslocamento não pode causar?”, refletiu.

A preocupação com o retorno foi ratificada também pelo professor Christiano Vieira Pires. Ele atentou para o fato de que, a partir do momento em que se abre a sala de aula, todos são obrigados a frequentá-la. “Nesse momento, não há segurança. A situação é complexa. Temos muitos alunos, salas com 100 alunos, vindos das mais diversas cidades. Precisamos ter muita prudência, cautela.”

Retomada planejada
O reitor informou, ainda, que protocolou no MEC um pedido para a contratação de novos técnicos, haja vista o número insuficiente de profissionais com que a UFSJ convive há vários anos. Ele esclareceu que, diante desse contexto da falta de técnicos e de pessoal especializado para a limpeza e desinfecção dos locais, seria impossível, por exemplo, cumprir os protocolos de segurança exigidos pelo próprio Ministério.

Sobre esse aspecto, no caso do retorno presencial, o reitor Marcelo Andrade, respondendo à representante discente no Conep, Letícia Arantes, esclareceu que uma retomada não é tão simples. São várias etapas a serem cumpridas. “É um processo complexo e gradual. Mas, quando chegar a hora, estaremos prontos.”

Por outro lado, a vice-reitora Rosy Maciel, que preside o Comitê de Enfrentamento à Covid-19, informou que todos os estudos para uma retomada gradual, quando isso acontecer, foram feitos no grupo. “Já temos um protocolo pronto, além de um grupo de trabalho incumbido desse assunto e das orientações da própria Andifes”, lembrou.

Marcelo anunciou, ainda, que a Andifes, a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, se reúne nesta terça, 15, para debater a portaria do MEC. “Além da pandemia, temos no horizonte um corte orçamentário de 18%. Até o momento, a lei orçamentária não foi votada. E se não for votada neste ano, nós vamos começar 2021 recebendo um duodécimo do orçamento anterior, com o corte incorporado, até que a lei seja aprovada. Aí vem a grande questão: como fazer qualquer projeção de retomada sem o orçamento necessário?”, concluiu o reitor.