Coletânea de ensaios traça panorama da literatura mineira

Publicada em 08/12/2020 - Fonte: ASCOM

Já pode ser baixado gratuitamente, no site do BDMG Cultural, o livro Literatura mineira: trezentos anos, organizado pelo professor Jacyntho Lins Brandão, da Faculdade de Letras da UFMG. Com ensaios ora panorâmicos ora temáticos, em que se desenha “um amplo e detalhado painel de épocas, gêneros, tendências e escritores”, o livro celebra o aniversário de 300 anos da criação da Capitania das Minas Gerais, oficializada por Carta-Régia do rei D. João V, de 12 de setembro de 1720. “A literatura mineira tem como marca a diversidade. Foi essa perspectiva que norteou a organização desse volume”, explica Jacyntho na introdução da obra.

O volume foi estruturado em duas partes. Na primeira, em 16 estudos de natureza mais geral, vários autores abordam o romance, a poesia, a crônica, a crítica e o teatro mineiros, as literaturas feminina, negra, indígena e infantil produzidas no Estado, e temas como o modernismo e os grupos literários – tudo sempre à luz da mineiridade literária, seja ela entendida como um dispositivo topográfico objetivo, seja analisada como dispositivo cultural mais subjetivo e simbólico. Na segunda parte, o livro contém textos dedicados a 14 autores: Adélia Prado, Alphonsus de Guimaraens, Bernardo Guimarães, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Herculano Lopes, Cláudio Manuel da Costa, Conceição Evaristo, Guimarães Rosa, Henriqueta Lisboa, Júlio Ribeiro, Lúcio Cardoso, Murilo Mendes, Murilo Rubião e Pedro Nava.

Centro da literatura brasileira
“Jamais a literatura mineira foi objeto de tão consistente investigação, seja no aspecto quantitativo, seja, especialmente, pelo alto padrão de qualidade dos trabalhos reunidos”, registra o escritor e crítico literário Antonio Carlos Secchin, na orelha do volume. “Este livro é um marco, que contribui não apenas para um mais aprofundado conhecimento da cultura de Minas, mas, também, para melhor compreensão da própria literatura brasileira, na medida em que é impossível falar da criação literária no Brasil sem levar em conta o papel fundador e fecundador de escritores mineiros”, acrescenta.

Secchin chega mesmo a anotar que o livro conduz à suspeita de que “Minas Gerais talvez seja o único Estado em que todos os períodos literários encontraram expressões de relevo.” Ele cita os nomes de Cláudio Manuel da Costa (Arcadismo), Bernardo Guimarães (Romantismo), Alphonsus de Guimaraens (Simbolismo) e Augusto de Lima (Parnasianismo), furtando-se de avançar pelo século 20 nessa enumeração. “O espaço de que dispomos seria pouco para citar poetas e ficcionistas mineiros que, de modo consolidado, integram o cânone nacional”, argumenta.

Literatura mineira: trezentos anos também será distribuído gratuitamente, em versão impressa, para bibliotecas públicas de Minas Gerais.