UFSJ: riqueza imensa de todos nós

Publicada em 03/11/2020

O professor Geraldo Tibúrcio de Almeida e Silva é um ícone da UFSJ. Não há nenhum aluno que não tenha boas recordações de tudo o que aprendeu com ele. Sua história está ligada às histórias de vários professores e técnicos que hoje são servidores da Universidade que ele viu nascer e se consolidar. Com o garbo cavalheiresco que lhe é peculiar, nosso mais antigo professor aposentado - um dos poucos tradutores juramentados de documentos papais - divide a seguir, com a comunidade acadêmica da UFSJ, aspectos de sua memória profissional e afetiva, que se entrelaça com a memória institucional, a existente, e a que estamos construindo agora.

Professor, qual a sua formação?
Fiz o curso de Formação de Professores da Escola Normal Tiradentes, aqui mesmo, em São João del-Rei. Formei-me em Letras na Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências, Letras, Pedagogia e Psicologia, embrião da nossa UFSJ, no ano de 1972. Na PUC-MG, me especializei em Língua Portuguesa. A pós-graduação em Linguística, com especialização e aprofundamento em Língua Portuguesa, em nível de mestrado cursei na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Araraquara.

Conte um pouco de sua história profissional antes da UFSJ.
Desde que me formei no Curso Normal, em 1967, até 1972, quando concluí a graduação, já oferecia algumas poucas aulas de Língua Portuguesa em colégios particulares, inclusive no Colégio São João, dos padres salesianos.

Quando você ingressou na UFSJ?
Tendo concluído o curso superior de Letras em dezembro de 1972, já em fevereiro de 1973 fui convidado para o magistério superior na própria Faculdade Dom Bosco, onde pouco antes havia me formado, para ministrar aulas de Português e Latim. Federalizada a faculdade, tive a graça de ser mantido como professor da então UFSJ.

Qual o setor em que você trabalhou na UFSJ?
Praticamente só trabalhei mesmo como professor, pois ministrava várias disciplinas: Língua Portuguesa, Língua Latina e respectiva Literatura, Filologia Românica e Noções Fundamentais de Grego. Excepcionalmente, fui coordenador do curso de Letras por um pequeno espaço de tempo.

Como era o trabalho quando você foi admitido?
Foi sempre cumprindo o número de horas semanais exigidos por lei, divididas em horário de expediente durante o dia e quatro horas-aula à noite.

Quais mudanças foram as mais significativas ao longo de sua carreira?
Praticamente, o ritmo de trabalho foi sempre o mesmo, expediente e aulas à noite, apenas acrescentando as reuniões de Departamento e algumas aulas na parte da tarde.

Como você avalia a importância do seu setor e de seu trabalho para a UFSJ?
Como a UFSJ tem por objetivo formar professores, parece-me fácil admitir a importância e a necessidade que ela tem de sobressair em seu trabalho, preparando os futuros profissionais com a devida competência, para que assim exerçam a profissão escolhida, a bem de Deus e dos homens.

Tem algum caso interessante, curioso ou pitoresco que poderia nos contar?
Muitos... Um deles, para mim é o seguinte: era final de semestre, dei provas das várias disciplinas, preparei-as para corrigir. Lamentavelmente, passei mal e tive que ser internado na Santa Casa, com um terrível abscesso no fígado. Numa terrível angústia e preocupação para corrigir as provas (pois atrasaria o trabalho da Coordenadoria, caso não entregasse as notas em tempo hábil), mesmo internado na UTI do hospital, mandei buscar as provas na Faculdade e na minha mesinha de refeição, sobre o leito, ligado a várias “mangueirinhas” de soro e outros medicamentos, corrigi as provas de Latim, de Literatura Latina, de Grego e trabalhos de Filologia Românica. A Cida Haddad, minha ex-aluna e servidora da UFSJ, em sua mente pura e com profunda generosidade e grandiosidade indescritível de coração, em um jornal da cidade, mereceu-me, a respeito, lindíssimo artigo (O outro lado da moeda), preciosíssima pérola que guardo comigo até hoje, com imenso carinho e eterna gratidão!

De que sente mais saudades de seus tempos de professor?
Das salas de aulas, das alunas e dos alunos, das discussões sobre a matéria estudada e todo aquele contato humano tão feliz e agradável.

Que mensagem gostaria de deixar registrada para nossos colegas?
Orgulho-me de fazer parte da Universidade Federal de São João del-Rei. A grande mensagem que eu gostaria de deixar aqui seria, num primeiro momento, o mais profundo agradecimento a Deus por nos conceder esta Universidade, riqueza imensa de todos nós. Por outro lado, conclamar a todos os queridos e queridas colegas no sentido de que nos demos as mãos, com firme e verdadeira fé, e continuemos nosso trabalho com toda dedicação, tendo sempre em vista a melhor formação de nossos universitários, para a conservação do bom nome e o alto conceito educacional da nossa UFSJ.