"Ética, dedicação e profissionalismo contra o desmonte dos serviços públicos"

Publicada em 30/10/2020

Miriane da Conceição Fiuza é bacharel em Arquivologia, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), especialista em Gestão de Organizações Públicas pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e mestre em Gestão e Tecnologia Aplicadas à Educação pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Iniciou suas atividades como servidora pública em 2006, no cargo de arquivista, na Univasf. Foi redistribuída para a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) em 2013. Em 2018, novamente redistribuída, veio para a UFSJ.

Desde o início do exercício do cargo na UFSJ, Miriane trabalha na Divisão de Desenvolvimento de Pessoas (Didep), da Pró-Reitoria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (Progp), pois chegou para implementar aqui o Assentamento Funcional Digital (AFD). “Foi desejo meu, queria sair do Recôncavo, pois estava me sentindo ociosa. Busquei uma instituição que tivesse código de vaga válido e sem concurso público aberto. Entrei em contato com a UFSJ em 2016, e em 2018 saiu a redistribuição”, relembra.

Como você avalia a importância do seu setor e do seu trabalho na UFSJ?
Estar na Progp fortalece o meu entendimento do que é essencial na construção de projetos que melhorem as condições da prestação dos serviços públicos da Universidade, proporcionando aos servidores condições para exercerem o papel que lhes impõe o cargo, de maneira democrática, integrada ao coletivo. O AFD é um repositório digital dos documentos do servidor público federal, considerado fonte primária da informação, que substitui a tradicional pasta funcional física, ou seja, são documentos gerados ou produzidos em decorrência da vida funcional do servidor público. Logo, assegura seus direitos, além de garantir a disponibilidade, a autenticidade e a integridade no acesso às informações, mas de maneira restrita aos agentes públicos, legalmente autorizados, e aos servidores, aos quais as pastas funcionais se referem.

Tem algum caso interessante que você poderia nos contar?
São muitos os casos interessantes com os quais nos deparamos, porque estamos trabalhando com a trajetória funcional dos servidores, que em alguns momentos se confunde com a vida pessoal. Por exemplo: é comum encontrarmos, nas pastas funcionais mais antigas, bilhetes de cunho pessoal. Ao trabalhar com a pasta funcional de um servidor aposentado, encontrei um cartão postal, que lhe foi enviado por um outro colega de trabalho, durante uma viagem para qualificação profissional.

Em que momentos, nesses anos como servidora, você mais se sentiu realizada?
O princípio é sempre muito empolgante, então a Univasf me traz as melhores recordações, principalmente pela oportunidade que tive de contribuir efetivamente com a implantação da Unidade de Protocolo na instituição. Contudo, percebo que na UFSJ ainda há muito a ser feito na área arquivística e, tão logo os gestores se conscientizem da importância de uma gestão documental, imagino que viverei boas experiências.

Como a pandemia afetou na realidade do seu trabalho?
Todo o trabalho de digitalização e upload para o Sigepe/AFD das pastas funcionais referentes ao legado (documentos produzidos até junho de 2016), que, de acordo com a normativa governamental, deveria ser concluído em janeiro de 2021, está parado. Mas os documentos produzidos no momento da pandemia estamos conseguindo incluí-los no assentamento dos servidores.

Como você avalia a dinâmica do trabalho remoto?
Como tudo, tem aspectos positivos e negativos, mas para o AFD especificamente, por depender do acesso a documentos físicos, está muito ruim.

Do que sente mais saudades do trabalho presencial?
Justamente, do contato presencial com as pessoas. Sinto que a ausência desse contato prejudica muito o diálogo e a compreensão com relação a muitos processos de trabalho, principalmente em decorrência da mudança de gestão em meio à pandemia.

Que mensagem gostaria de deixar registrada para nossos colegas?
Sou servidora pública e me orgulho do que faço. Desejo que possamos resistir e superar os últimos acontecimentos, seguindo com ética, dedicação e profissionalismo, unidos contra o desmonte dos serviços públicos, certos de que a estabilidade não é privilégio e, sim, a garantia do bem público.