O serviço público como missão de vida

Publicada em 30/10/2020 - Fonte: ASCOM

Ana Flávia de Abreu é daquelas pessoas que não aceitam se omitir. Assistente em Administração no Campus Sete Lagoas (CSL), ela participa de comissões da UFSJ, integra o Conselho Universitário (Consu), participa da luta sindical, ou seja: vive a Universidade nas suas mais diferentes faces.

O sentimento de responsabilidade em ser servidora pública nasce bem antes da UFSJ. No início da carreira, a nutricionista Ana Flávia atuava na área da merenda escolar, na rede municipal de Diamantina (MG). “Lá aprendi o que é administração pública, a importância das políticas públicas bem executadas para o atendimento à população”, comenta.

Hoje técnica administrativa, ela continua a encarar seu trabalho como uma missão: “Eu sempre quis fazer parte de movimentos que pudessem fazer alguma diferença na sociedade. E fazer parte de uma universidade federal, em um campus ainda em fase de consolidação, tem tudo a ver com isso, e alimenta aquilo em que eu acredito.”

Qual sua formação e quais experiências profissionais teve antes da UFSJ?
Eu sou formada em Nutrição pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), e tenho pós em Administração Pública. Seis meses antes de eu me formar, passei em primeiro lugar no concurso para nutricionista de merenda escolar da Prefeitura de Diamantina. Antecipei minha colação de grau e assumi o cargo, meu primeiro emprego formal, no qual permaneci por seis anos. Sempre digo que a experiência de trabalhar em uma Prefeitura de cidade pequena, com poucos recursos, situada em um dos bolsões de pobreza do país (o Vale do Jequitinhonha), foi algo único, uma espécie de segunda Universidade, tão grande o aprendizado. Lá, aprendi o que é administração pública e a importância das políticas públicas bem executadas para o atendimento à população. No entanto, apesar da minha paixão pelo meu trabalho, tive que buscar outros caminhos, visto que o serviço público, principalmente na esfera municipal, é muito mal valorizado e remunerado. Busquei outros concursos, optando por continuar na área da Educação, no cargo de Assistente em Administração na UFVJM, onde trabalhei por quase quatro anos, até que consegui ser redistribuída para a UFSJ-CSL, onde estou até hoje.

Por que decidiu vir para a UFSJ? Qual seu cargo e área de atuação?
Atualmente, trabalho na Coordenadoria do Curso Interdisciplinar em Biossistemas. O campus da UFSJ em Sete Lagoas vem contribuindo de forma considerável para o desenvolvimento local, oferecendo oportunidades de formação profissional para diversas pessoas na região, inclusive aquelas socialmente mais vulneráveis, visto que é a primeira e, até então, única Universidade gratuita da cidade. Isso despertou em mim o interesse em colaborar com esse processo de consolidação do Campus e de poder estar, de alguma forma, fazendo algo em prol da minha terra natal. Outro ponto: sempre tive o desejo de regressar para junto da minha família, principalmente após o falecimento de meu pai.

Quais as funções que desempenha e como avalia a importância do seu trabalho?
Eu executo todos os serviços de secretaria de curso, também auxilio na organização de reuniões e eventos, dou o suporte necessário ao coordenador e vice, e presto atendimento aos alunos e docentes. O trabalho na Coordenadoria é um dos corações de uma Universidade, pois é a ponte entre os discentes e o curso em que estão matriculados.

Além de servidora, você também é conselheira do Consu e participa de outras comissões internas. O que a motivou, Ana Flávia?
Este ano, fui eleita pelos meus pares como representante técnica no Conselho Universitário. Faço parte também do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 UFSJ, do Subcomitê de Enfrentamento à Covid-19 do Campus de Sete Lagoas, da Comissão do Decreto nº 10.139/2020, que irá rever todos as atos normativos da instituição, e do grupo de trabalho da Proen que está elaborando o fluxo de processos das secretarias de cursos. No Consu, após conversa com alguns colegas e considerando minha experiência no Conselho da UFVJM, achei que poderia contribuir de alguma forma com minha categoria ao representá-la no Conselho Superior. Com relação à pandemia, fui indicada para participar, tendo em vista meu envolvimento em diversas discussões quanto às questões do trabalho remoto. No grupo de trabalho da Proen, mais uma vez fui convidada, considerando que já trabalhei com elaboração de fluxo de processos.

Você também é ligada à luta sindical. Qual a importância dessa luta coletiva no atual contexto?
Sim, estou auxiliando a Diretoria do Sinds, pela grande demanda de trabalho nesse momento crítico pelo qual passa o serviço público, e quando vivemos também mudança de gestão na UFSJ. A nossa única saída é a luta coletiva junto aos sindicatos. A base precisa despertar para a gravidade da situação, unir forças para tentar frear a perda de direitos, conquistados com tanta luta. O enxugamento das carreiras na administração pública federal pretende aumentar o interstício para as progressões e a diminuição das remunerações, além do fantasma da perda da estabilidade, o que poderá influir ainda mais para o aumento da corrupção na máquina pública e, consequentemente, para o desmanche do serviço público. Precisamos conscientizar população e governantes sobre a importância dos serviços e políticas públicas, e o papel do servidor público nesse contexto.

Qual o significado da UFSJ na sua vida?
Eu sempre quis fazer parte de movimentos que pudessem fazer alguma diferença na sociedade. E fazer parte de uma universidade federal, em um campus ainda em fase de consolidação, tem tudo a ver com isso, e alimenta aquilo em que eu acredito. Como diria Paulo Freire: “A Educação não transforma o mundo, mas transforma as pessoas. As pessoas transformam o mundo.”