PrOVIda capacita profissionais de Divinópolis para combate à Covid-19

Publicada em 06/07/2020

Em meio à pandemia do novo coronavírus, a UFSJ mobiliza sua comunidade acadêmica para realizar atividades de pesquisa, ensino e extensão. Uma das iniciativas contempladas pelo Programa Institucional de Enfrentamento à Pandemia é o PrOVIDa, desenvolvido por pesquisadores dos cursos de Enfermagem e Medicina do Campus Centro-Oeste Dona Lindu (CCO), em Divinópolis (MG).

O PrOVIda tem como objetivo promover iniciativas de atenção individual, familiar e comunitária no contexto da pandemia da Covid-19, por meio da integração entre ensino, serviço e oferta à comunidade. Ao todo, 60 pessoas participam do projeto, entre integrantes das equipes de teleassistência em Enfermagem e Medicina, e estudantes do curso de Medicina. Sete professores coordenam a equipe, sendo o professor Gustavo Machado Rocha o coordenador geral.

O pessoal promove a capacitação das equipes de saúde locais para o acolhimento, fluxo e manejo clínicos de pacientes acometidos pelo vírus. Também oferece assistência clínica remota aos pacientes (suspeitos ou confirmados), monitorando a evolução dos sintomas. E ainda viabiliza a coleta de material para testagem específica dos diagnósticos de Covid-19.

O projeto se desenvolve em quatro fases: treinamento das equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS); teleassistência de casos suspeitos; telemonitoramento de casos e contatos; e diagnóstico e acompanhamento laboratorial. De acordo com o professor Gustavo Machado, o grupo trabalha simultaneamente nas três primeiras fases, mas ainda não tem previsão de alcançar a quarta, que depende da disponibilidade de exames no município.

A UFSJ é parceira, nesta proposta, da Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis e da Rede de Teleassistência de Minas Gerais. Para acessar a íntegra do PrOVIDa, clique aqui.

Divinópolis
Analisando os dados que tem a seu alcance, o professor explica que há um aumento nas notificações e confirmações de casos, mas que a epidemia está sob controle em Divinópolis. A atual taxa de ocupação hospitalar está entre 50% e 60%. “Entretanto, de forma gradativa, observa-se um aumento no número de internações na região e no Estado de Minas Gerais de uma forma geral.”

Nas atuais circunstâncias, as equipes de todo o país que atuam no monitoramento da pandemia se deparam com dados defasados ou pouco confiáveis. “O número de casos registrados pela Vigilância Epidemiológica é certamente inferior ao número real de pacientes infectados”, aponta, devido à subnotificação de casos e à falta de testagem da população. Entre os países mais atingidos pela pandemia, o Brasil é o que menos testa sua população, realizando 1,65 testes a cada mil habitantes. A média do Reino Unido, por exemplo, é de 21,5.

São dois os tipos de exames específicos realizados para a Covid-19. O teste rápido sorológico e teste molecular, que são realizados em uma pequena parcela de casos suspeitos, em geral em pacientes graves e demais profissionais de saúde e segurança. “Quando a equipe de saúde não notifica o caso suspeito, o paciente não entra no nosso monitoramento”, explica Gustavo Rocha. No PrOVIDa, os pacientes suspeitos são encaminhados para a equipe de monitoramento por meio das Unidades Básicas de Saúde.

Há ainda outra consequência para o avanço da doença: “A subnotificação e subidentificação de casos impede que sejam realizadas as devidas orientações de isolamento domiciliar, o que, por sua vez, poderia ajudar a reduzir a incidência de casos secundários.” Ou seja, a subnotificação não apenas afeta o trabalho das equipes de Saúde e pesquisa em Saúde, mas também serve como pretexto para que se minimize o problema, interferindo no repasse de informações seguras para a população.

O professor enfatiza que não é possível mensurar a proporção dessas subnotificações em Divinópolis, por falta de dados que embasem a pesquisa. Mesmo assim, a impressão é de que muitos casos deixam de ser notificados. Pesquisa da UFMG, publicada em maio, apontou que o número total de casos em Minas Gerais poderia ser até 16 vezes maior que os notificados oficialmente, até aquele período.

Perspectiva
Quem atua no combate à pandemia, desde os laboratórios e salas de estudo, encontra dificuldades em relação à infraestrutura: disponibilidade de equipamentos de comunicação, conexão de internet e habilidade técnica da equipe para lidar com as tecnologias. “Assim, todas as pessoas envolvidas estão passando por um grande processo de aprendizado, o que talvez possa contribuir no desenvolvimento de futuras ações dentro desta nova realidade”, destaca Gustavo. As principais atividades (teleatendimento e telemonitoramento) são realizadas de forma remota, respeitando o distanciamento social.

Mesmo assim, a presença física da equipe é exigida em algumas ocasiões, como nos treinamentos presenciais nas UBS, que contam com visitas às equipes e com simulações de atendimento para casos suspeitos. Há momentos em que é preciso utilizar uma das salas do CCO, que é devidamente preparada para essa finalidade.

Nesse desafio, a equipe do PrOVIDa também experimenta o sentimento de gratificação por estar contribuindo para a produção de conhecimento científico durante este momento histórico. “Trata-se de uma epidemia com repercussões em saúde extremamente significativas, e poder atuar no nível local nos faz pensar que estamos de alguma forma auxiliando no seu enfrentamento.” Pessoalmente, devido à sua especialização em Saúde Pública, tema de seu doutorado, Gustavo Rocha se sente motivado a realizar ações para contribuir nesse enfrentamento. “Vamos continuar na luta, temos muito trabalho pela frente!”
 

João Vítor Bessa
Estudante de Jornalismo, estagia na Ascom