Comportamento da tuberculose na população de Divinópolis difere de outras cidades, aponta pesquisa da UFSJ

Publicada em 11/07/2019

Estudos realizados pelo professor Paulo Augusto Moreira Camargos, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do Campus Centro-Oeste da UFSJ (CCO), investigam o comportamento da tuberculose na população pediátrica residente em Divinópolis (MG). Os resultados apontam para diferenças em relação aos dados obtidos em outras regiões do país.

Intitulada Tuberculose: do contexto epidemiológico brasileiro ao perfil genético em Divinópolis, Minas Gerais, a pesquisa analisa a dinâmica da doença nos moradores da cidade e em um grupo composto por 100 crianças e adolescentes menores que 15 anos que conviveram com familiares com a forma ativa da doença, ou seja, diagnosticados pela presença do bacilo no material expectorado. Segundo o professor, que trabalha há quase 10 anos com o tema na cidade, o que mais chama a atenção é que o município, que tem mais de 200 mil habitantes, apresenta um terço de novos casos de tuberculose da média nacional (cerca de 35 a 40 casos novos para cada 100 mil habitantes).

Os trabalhos são realizados em conjunto com professores, pós-graduandos e graduandos da mesma instituição, e ainda com a Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis, que disponibilizou dados do município e informações sobre a população com a doença. Constatou-se que os cerca de 40 novos casos por ano atingem principalmente adultos em idade produtiva.

O professor explica que, para contatarem as crianças e adolescentes, foi necessário obter os nomes e endereço das pessoas incluídas nas planilhas da Secretaria. “A partir daí foram realizadas visitas domiciliares e identificadas as 100 crianças participantes da pesquisa. Nelas foram feitos exames clínicos e laboratoriais, entrevistas, radiografia de tórax, para saber se haviam adoecido ou não.” Nesse processo, verificou-se que apenas 20 indivíduos desse grupo foram afetados, ou seja, a maioria não tinha contraído a tuberculose, mesmo em contato com familiares com a forma ativa da doença. O primeiro trabalho resultante deste projeto deve ser publicado em breve no periódico American Journal of Tropical Medicine & Hygiene.

O estudo, que ainda está em andamento, apontou que, quando comparada com outras cidades e regiões brasileiras, a tuberculose tem um comportamento diferente na população divinopolitana. Os fatores relacionados a esse comportamento serão analisados em estudos posteriores. Paulo acredita que o desafio científico é entender por que a doença está agindo dessa maneira e o motivo de as crianças e adolescentes avaliados terem sido pouco afetados.

Tuberculose

A tuberculose é transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch, a partir da inalação de aerossóis provenientes de espirros e tosse de pessoas por ele infectadas. Ambientes pouco ventilados e com maior concentração de pessoas podem aumentar a chance de contaminação. A doença atinge principalmente os pulmões, podendo acarretar sérios riscos para a saúde. Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil essa doença foi responsável pela morte de 4614 pessoas em 2017, das quais 240 em Minas Gerais.