Workshop vai reunir pesquisadores em neurociência na UFSJ

Publicada em 13/06/2019

Evento ocorre de 18 a 20 de setembro no campus Santo Antônio

A Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) vai sediar o II Latin American Workshop on Computational Neuroscience (LAWCN - Workshop Latino-Americano de Neurociência Computacional) em setembro deste ano. A submissão de trabalhos pode ser feita até sábado, 15. 
 
O evento vai reunir pesquisadores de todo o mundo nas áreas de neuroengenharia, neurociência, neurociência computacional, inteligência artificial e correlatas. Os melhores trabalhos em inglês serão publicados pela Springer Nature na série de livros “Communications in Computer and Information Science” (CCIS).
 
O Workshop vai receber pesquisadores de renome na área, como Sidarta Ribeiro (Brasil-UFRN), Jim Torresen (Noruega), Michela Chiappalone (Itália), Gabriel Mindlin (Argentina), Diego Peluffo (Equador), Márcio Moraes (Brasil-UFMG), Gabriela Castellano (Brasil-Unicamp) e Ives Passos (Brasil-UFRGS).
 
Pesquisa sobre epilepsia na UFSJ
 
O Laboratório Interdisciplinar de Neuroengenharia e Neurociências (Linnce/UFSJ) desenvolve estudos sobre o uso de estimulação elétrica para tratamento de epilepsia. “Cerca de 70% da população (com a doença) consegue se tratar com medicamentos ou com cirurgia. Só que outra porção considerável, de 30%, não consegue tratamento adequado e precisa de alternativas”, comenta o coordenador do Linnce e chairman do II LAWCN, Vinícius Rosa Cota. 
 
A novidade da pesquisa, que foi realizada em animais, é que ela avalia como otimizar o uso desses pulsos elétricos no controle da doença - já que ainda não existe uma cura. No caso, os pesquisadores estudam uma “dessincronização” desses estímulos, com o intuito de usar menos pulsos elétricos no tratamento. Assim, de centenas de pulsos por segundo aplicados tratamento tradicional, seriam utilizados quatro ou cinco deles. 
 
Imagine o seguinte: o coração, para funcionar normalmente, precisa trabalhar de forma harmônica, sincronizada. E isso ocorre a partir da estimulação elétrica que recebe. No cérebro, o funcionamento é diferente disso. Se ocorrer “muita sincronização” nos neurônios, isso pode desencadear uma crise convulsiva.  
 
“A nossa ideia é (desenvolver) um fibrilador neural. A gente vai criar desordem no cérebro, vai tirar o sincronismo dessas células. Em vez da estimulação ser ritmada, ela é toda ‘bagunçada’”, explica o professor. O trabalho aponta que os resultados são melhores quando se estimula a amígdala cerebral, área responsável, principalmente, pelas emoções. 
 
Isso possui algumas vantagens em razão do uso de menos pulsos elétricos. Uma delas é que a bateria que abastece esse fibrilador (e ambos estão inseridos no corpo) teria maior vida útil, sem necessidade de intervenção cirúrgica para troca. Outra é a maior segurança no tratamento, com menos riscos de lesão nos tecidos neuronais em virtude da estimulação elétrica. 
 
No momento, a pesquisa aguarda a análise de patente. A equipe ainda trabalha para iniciar um estudo em humanos, mas isso depende de parceria com hospitais e neurocirurgiões.