Grupo de estudos discute feminismo na Economia

Publicada em 09/11/2018 - Fonte: ASCOM

Alunas do curso de Ciências Econômicas da UFSJ estudam a temática quinzenalmente

Um grupo de mulheres do curso de Ciências Econômicas da UFSJ se reuniu para entender a área sob a perspectiva do feminismo. Criado a partir de uma demanda do Centro Acadêmico (CA), o Grupo de Estudos Economia Feminista promove debates quinzenais sobre a interferência do sistema patriarcal no trabalho das mulheres. Os encontros acontecem na sala 1.15 do prédio do curso, no Campus Tancredo de Almeida Neves.

A Economia, de forma simplista, é a ciência que estuda a escassez de recursos. Também é por meio dela que se entende parte das relações de trabalho e as particularidades dos indivíduos que se empenham nessa tarefa. A crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho é um dos temas a serem estudados; para suprir essa lacuna, foi criado o Grupo de Estudos Economia Feminista na UFSJ. “Começamos a nos reunir com a proposta de buscar textos sobre o tema e, desde março deste ano, a gente vem se encontrando para discuti-lo”, explica a professora Daniela Raposo, uma das coordenadoras do Grupo, ao lado da professora Aline Cristina da Cruz.

A proposta foi feita à professora pelo CA do curso, que entendeu o debate como forma de propiciar um viés mais inclusivo: “A ideia, desde a formação da nossa chapa do CA, era de investir em visibilidade dentro do curso para as minorias, como mulheres e negros. Havia uma grande necessidade de nos sentirmos representadas dentro do ambiente acadêmico”, relata Letícia Macedo, uma das estudantes responsáveis pelo CA. Assim, o grupo passou a fazer leituras com temáticas até então inéditas no currículo da Economia, como a produtividade do trabalho doméstico exercido por mulheres e o assédio.

Com a convivência entre as mulheres, o espaço passou a representar mais do que um ambiente de estudos, ganhando um caráter auto-organizativo, ao proporcionar o fortalecimento de vínculos entre elas: “Começamos a ver a sororidade acontecer. Ficamos mais à vontade para falar abertamente sobre determinados assuntos, porque sabíamos que outras companheiras também passavam por situação semelhante, não estamos sozinhas”, relata a estudante Luíza Marielle, que não foi a única a se empoderar com as discussões. “Eu acho que, na minha história na UFSJ, esse momento em que coordeno um grupo no qual posso aprender mais do que ensino, é quase o auge da minha carreira”, declara Daniela Raposo.

Inicialmente voltado para mulheres, o grupo agora está aberto aos homens. Para Daniela, essa é uma forma de levar informação a eles: “Quanto mais estudamos, mais se faz necessário continuarmos estudando. Quando você se sente muito forte com argumentos, muito cuidado, pois isso pode vir a ser uma cegueira.” A professora defende, ainda, que a discussão é imprescindível para o momento em que discursos machistas ganham espaço na Política: “Nesses discursos de ódio, nós não cabemos. A gente sempre acredita que o outro se preocupa com a igualdade, mas não é isso o que vemos quando observamos as urnas no Brasil. As mulheres estão sendo colocadas em xeque.”

O cenário convida à resistência. O grupo planeja, para o próximo mês, sua oficialização, de acordo com a legislação da UFSJ. Além disso, será traçado um cronograma de trabalho na cidade. “A meta é unir as equipes para investigações de tempo despendido em trabalho produtivo (remunerado) e o trabalho reprodutivo (não remunerado) em São João del-Rei, e analisar mudanças comportamentais e outros aspectos não captados nos poucos dados secundários que se tem para o país”, aponta a professora Aline Cristina da Cruz. O próximo encontro está agendado para terça, 6 de novembro.