Pesquisa da UFSJ analisa discurso de ódio em meios midiáticos digitais

Publicada em 01/11/2018

Pesquisa do professor Cláudio Márcio do Carmo, do Departamento de Letras, Artes e Cultura (Delac) da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) se debruça sobre a construção linguística e semiótica do discurso de ódio nas mídias. O objeto desse estudo é a produção, a distribuição e o consumo do discurso de ódio nas mídias de massa, feitos com o aporte teórico-metodológico das teorias de base linguística sistêmico-funcional. “Nesta perspectiva, a pesquisa se baseia em teorias como a Análise Crítica do Discurso e a Semiótica Social, para análise do elemento verbal e dos tipos de imagem”, esclarece.

Seguindo esse espectro conceitual, a análise é feita passo-a-passo. Primeiramente, investiga-se os vestígios claros ou subentendidos do ódio no texto e as categorias lexical ou gramatical ali presentes. O segundo passo é a análise contextual do objeto - em que veículo foi publicado, qual o alcance desse veículo, qual seu público-alvo, entre outros. Por fim, o estudo do caráter ideológico por trás do objeto e os processos hegemônicos que o perpassam.

O professor começou essa pesquisa ainda na graduação. Seu interesse voltava-se para a gramática; porém, com o desenvolvimento do trabalho, em especial na iniciação científica, esse âmbito que a estrutura por si não contemplava chamou sua atenção. “Eu queria uma resposta para o problema, mas estruturalmente eu não conseguia responder, e as teorias discursivas me apontavam o caminho.”

Cláudio defende que estudos dessa natureza tragam retorno para a população. Por isso a opção por analisar jornais, revistas e textos que saem na internet, onde a guerrilha se faz intensa. Na sua opinião, as teorias estudadas na Universidade devem derrubar barreiras, promovendo o entendimento entre os variados públicos que compõem ou que demandam as instituições de ensino superior.

Em relação às questões sociais, Cláudio espera que sua pesquisa possa se constituir nesse canal de retorno para a comunidade externa. “Eu não levanto bandeiras de nenhum segmento, mas gostaria que minha pesquisa oferecesse respostas à sociedade quanto ao próprio investimento que a Universidade faz na formação humana”, afirma. Foi assim que o trabalho chegou aos conflitos sociais, fossem religiosos, raciais e políticos. De acordo com o pesquisador, o ódio não escolhe apenas o segmento X ou Y - está disseminado.

Entre as produções derivadas da pesquisa, além de artigos e capítulos de livros ligados ao tema, está sendo escrito texto sobre a teratologia do discurso de ódio, abordando explicações possíveis para as origens dos conflitos e prováveis caminhos que apontem soluções. Esse trabalho será apresentado no V Colóquio Crítica da Cultura: discursos, narrativas, poéticas: deslocamentos e conflitos, a se realizar no período de 20 a 22 de novembro, promoção do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFSJ. 

* Essa reportagem faz parte de uma iniciativa de divulgação científica da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Prope).