O índio lido

Publicada em 19/04/2018

Dia 19 de abril é comemorado, em todo o Brasil, o Dia do Índio. A data foi instituída por meio de decreto federal assinado pelo presidente Vargas em 1943, após o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado na cidade de Patzcuaro, no México, em 1940, numa articulação dos próprios indígenas, que se viram frente a frente com os descendentes dos responsáveis por séculos de violência contra seus povos.

Atualmente, a luta indígena perdura: pelo direito à educação, à saúde, à terra, à plenitude de sua cultura. Cultura esta que vem florescendo pela escrita de vivências tribais, de histórias ancestrais, de mitos imemoriais, os quais propagam leituras de mundo que primeiramente nos definiram. Ler a literatura produzida por autores indígenas é se apropriar dos fundamentos de nossa própria essência - somos brasileiros.

Listamos a seguir alguns títulos que resgatam e divulgam a cultura indígena do país, seguindo a tradição narrativa que fixa a pluralidade de vozes dos povos da Terra. Há mais, muito mais. Alguns exemplos:

Histórias de Índio, Daniel Munduruku (Companhia das Letrinhas)
Traz um conto da cultura munduruku, O menino que não sabia sonhar. Kaxi, um garoto como outro qualquer, é o escolhido para suceder o pajé. Iniciado nos segredos da pajelança, aprende que é preciso sonhar, pois nos sonhos residem os grandes mistérios da vida. Aqui, talvez pela primeira vez no Brasil, a cultura indígena é apresentada do ponto de vista de um dos seus integrantes. Em seguida, o autor relata com bom humor suas experiências no “mundo dos brancos”, avaliando a situação dos povos indígenas no Brasil. A edição inclui desenhos de crianças indígenas e fotos de aldeias mundurukus.

O Karaíba - uma história do Pré-brasil, Daniel Munduruku (Editora Amarilys)
Nesta história emocionante, recheada de aventuras, o leitor descobrirá como era a vida dos índios e sua forma de organização pouco antes da chegada dos portugueses ao Brasil. Daniel Munduruku é autor de 36 livros voltados para o público infantil e infanto-juvenil e para educadores. Recebeu diversos prêmios literários, entre eles o Prêmio Jabuti e o Prêmio da Academia Brasileira de Letras.

Tekoa - conhecendo uma aldeia indígena, Olívio Jekupé (Editora Global)
Jekupé descende do povo tupi-guarani. Em Tekoa, narra a história de Carlos, um menino da cidade que escolhe passar suas férias em uma aldeia, deslumbrando-se com as experiências vividas entre os índios. A leitura desse livro certamente enriquecerá o universo do aluno-leitor, que terá a oportunidade de conhecer um pouco sobre nossas raízes indígenas, tão importantes na formação de nossa etnia.

A Terra dos Mil Povos: história indígena do Brasil contada por um índio (Editora Peirópolis)
Kaká Werá Jecupé nos conta neste livro o que lhe contavam seus parentes – pais, avós, bisavós e os ancestrais de sua tribo com a mesma oralidade, conservando a mesma fé. É preciso remodelar a visão que temos do povo brasileiro, agregando a ela a noção de que também nós somos uma etnia milenar. Umas das mais nobres e eficientes formas de conseguir isso é reintegrar ao universo da educação a perspectiva de valores universais contida na tradição indígena.

Kurumi Guaré no coração da 
Amazônia (Editora FTD Educação)
À beira do paraná do Urariá, o pequeno Yaguarê Yamã aprende a viver em contato com a natureza exuberante, intocada, preservada. Singra lagos e ygarapés sob as copas da mata alagada, escapa de bichos nos ygapós, percebe os espíritos da floresta, vê homens lutando com animais gigantescos. As histórias que ouve dão medo na hora de dormir, mas o kurumi segue as tradições de seu povo, enfrenta o ritual da tukãdera e vai crescendo em tamanho e sabedoria.

Das crianças Ikpeng para o mundo Marangmotxíngmo Mïrang (Editora Cosac Naify)
Nada melhor do que conhecer uma aldeia Ikpeng tendo por guias as próprias crianças indígenas. Neste livro, adaptado e ilustrado por Rita Carelli, o leitor é apresentado a Yampï, Yuwipó, Kamatxi e Eruwó, que nos convidam a visitar a casa do cacique, tomar banho de rio e comer frutas no pé. Entendemos as tarefas dos homens e das mulheres e como os meninos e as meninas também colaboram com os afazeres do dia a dia, sem deixar, é claro, de se divertir com os brinquedos que eles mesmos constroem.