Dia da Consciência Negra será celebrado com música no Campus Dom Bosco

Publicada em 17/11/2017

“Os negros no Brasil nascem proibidos de ser inteligentes”, disse Paulo Freire. Foi assim durante muito tempo. Com a escravidão no Brasil – que durou mais de 300 anos – e mesmo depois da abolição, quando ainda faltavam oportunidades, os negros foram colocados, cada vez mais, à margem da sociedade. Ainda que mais de 50% da população brasileira seja negra, de acordo com o IBGE, eles continuam minoria em universidades e altos cargos do mercado de trabalho.

O cenário de exclusão que ainda existe no Brasil mostra a importância de datas que celebram a cultura negra, como o dia 20 de novembro. O Dia da Consciência Negra surgiu para homenagear Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, que morreu nessa mesma data, em 1695. Zumbi é símbolo da luta e resistência negra contra a escravidão na época colonial brasileira, defendeu seu povo, sua comunidade e sua cultura. Nessa data, é importante pensar, celebrar e refletir, tanto sobre o passado do nosso país quanto sobre o presente.

Entre as diversas atividades sobre o tema que mobilizarão a UFSJ na semana da Consciência Negra, está o show de Música Negra Brasileira, preparado por alunos do Canto Popular da UFSJ, do curso de Música. O espetáculo acontece dia 20 de novembro, no Campus Dom Bosco, às 22h.

“A musicalidade que os negros trazem da África é uma influência muito forte e deve ser comemorada, ela está no sangue da gente”, conta a professora Valéria Braga, que está na organização do evento. O show será um tributo a grandes nomes da música negra brasileira, como Elza Soares, Sandra de Sá, Jorge Ben Jor, Itamar Assumpção, Di Melo e Tim Maia. Além disso, o objetivo é celebrar artistas que, apesar de não terem muito espaço na indústria musical, não faltam em talento. “Alguns compositores da música negra que decidimos englobar, como Itamar Assumpção, que não tinha tanta música na rádio, eram compositores pouco falados. O Di Melo, por exemplo, lançou somente um disco e a música dele é extremamente dançante e envolvente”, explica Mariana Xavier, aluna do curso de música, que está na organização do show.

Valéria explica que o show também busca estimular as pessoas a pensarem sobre a data. “O simples fato de ser o dia da consciência negra e a gente estar homenageando os negros maravilhosos que compõem nossa música brasileira já deve gerar uma reflexão. A universidade é o lugar da diversidade. Por meio da educação a gente consegue formar e transformar o cidadão. A universidade tem a obrigação de ser inclusiva”, arremata.