"Transdisciplinaridade e Extensão": veja como foi o lançamento do livro

Publicada em 02/10/2017

Foi lançado no Centro Cultural UFSJ na última quinta, 27, o livro “Transdisciplinaridade e Extensão: Signos da Educomunicação no Brasil”. A obra é uma coletânea de artigos sobre a Educomunicação e visa esclarecer as especificidades desta no Brasil. Organizado pelos professores membros do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educomunicação (GEPEducomufsj) da UFSJ, Filomena Maria Avelina Bomfim, Maria José de Andrade e Orlando José de Almeida Filho, conta também com a colaboração de estudantes de graduação e iniciação científica da Universidade, além de pesquisadores. O lançamento do livro abriu a programação do evento “Educomunicar para refletir e mobilizar” e teve a presença dos autores, alunos e demais colaboradores.

A obra, que relata sobre a transdisciplinaridade da extensão no Brasil, reuniu nove artigos das seguintes instituições de ensino: Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Uni BH, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade de Coimbra (UC) e Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).

Educomunicação e transdisciplinaridade

O evento teve início com apresentação da professora Filomena Bomfim, que explicou a importância da criação de um grupo transdisciplinar com a integração de profissionais de campos derivados para a realização da obra. “Eu percebi que as práticas educomunicativas eram desenvolvidas por vários profissionais de outros campos, que transitavam por essas práticas sem saber que estavam fazendo educomunicação. Então eu me aproximei desses pesquisadores e percebi que todos eles, de alguma forma, praticam e vivenciam a transdisciplinaridade”. A professora relata que quando pensou em criar um grupo de pesquisa chamou os profissionais que de alguma forma exerciam a Educomunicação. Os profissionais começaram a se encontrar frequentemente a fim de mostrar as experiências que estavam vivendo e as práticas que estavam desenvolvendo.

O grupo de caráter transdisciplinar trabalhou com o viés e experiência extensionista. Para a professora, “o grande pecado da extensão na academia brasileira é que faz muito mas registra pouco. Então resolvi recolher registros de práticas extensionistas que tivessem essa marca educomunicativa ou que apresentassem ecossistemas educomunicativos. E, hoje, a gente está apresentando a primeira produção desse grupo”.

O livro estava sendo construído há dois anos. Dado o momento de restrição de verbas por parte da universidade pública, optaram pelo formato em e-book. A origem da obra, explica Filomena, nasce “desse sonho da Educomunicação e de fazer esse registo no campo. Está sendo muito gratificante, principalmente porque é um trabalho que ratifica essa natureza transdisciplinar”, ressalta, lembrando que vai além do campo da Comunicação, passando pela História, Filosofia e outras áreas. “Isso não nos faz menor nem empobrece nosso campo, só enriquece. É aquela coisa de trabalhar com o diferente, um processo de enriquecimento para todos e para o cenário da Educomunicação em geral”.

A sensação de lançar o livro, para Filomena, é de muita alegria, pois este foi o primeiro fruto de seu pós-doutorado realizado na ECA USP, sob a orientação do Professor Ismar de Oliveira Soares. “É o primeiro lançamento de um grupo de pesquisas dedicado à Educomunicação. E isso projeta o campo da Educomunicação no cenário nacional com maior força e vigor. É muito importante também como registro da divulgação dessa expansão do campo de produção de conhecimento que é o da Educomunicação”.

A professora complementa celebrando o momento: “É muito bom a gente ter conseguido reunir esses trabalhos, fazer contato com esses profissionais e aí, a partir desse contato com esses profissionais, registrar no livro experiências que não são só daqui”.

Agentes transformadores das escolas

Em seguida, o coordenador do programa de extensão VAN Educomunicativa, Michel Montandon, apresentou a sua parte no livro, o artigo “Rodas de diálogo – interatividade em práticas documentárias no Ensino Médio”. Depois, um dos organizadores do livro, o professor de História Orlando José de Almeida Filho enfatizou sobre a interdisciplinaridade proposta na obra. Segundo ele, o livro foi um fruto do processo que reuniu vários agentes transformadores dentro das escolas. “É um produto que, pela análise de dados coletados junto com a observação das possibilidades de mudança, contribui para pensar em uma educação melhor para o Brasil.”

Para Orlando, a Extensão foi uma das grandes apoiadoras do livro, não só como produto final de uma pesquisa, mas também por fornecer diretamente a prática da educomunicação. “O trabalho da extensão tem grande contribuição em levar o conhecimento da universidade para fora, para que ela não se feche em si mesmo”, explicou. O lançamento do livro, para ele, não se mede apenas como um projeto pessoal, mas também como uma função social do seu trabalho: “Eu acho muito bom o trabalho ter um resultado. É uma realização como produtores do conhecimento, professores e pesquisadores. O sentimento que eu trago é de solidariedade, de colaboração.”

Já a professora de Filosofia Maria José de Andrade relata que um dos artigos presentes na obra tem a ver com as experiências que ela vivenciou no Programa Institucional de Iniciação à Docência (Pibid) de Filosofia e na Escola Doutor Garcia de Lima, em São João del-Rei, onde foram criados jornais rurais temáticos. Ela comenta que o livro surge também das experiências com o Pibid, que além de extensão é, ainda, uma forma de ensino e pesquisa. O livro, por surgir das experiências de um grupo interdisciplinar, vem ao encontro de uma perspectiva de educação mais atual, “A educação precisa estar interligada com diversos saberes. No nosso caso, temos história, geografia, filosofia, jornalismo e mais pessoas de outras áreas reunidas para constatar a necessidade de o saber estar interligado, e como isso é importante para a formação do profissional hoje”.

As alunas Deborah Luísa dos Santos e Silvia dos Reis encerraram as apresentações falando um pouco sobre o artigo que escreveram, em conjunto com Filomena Bonfim, intitulado “O Jornal mural como ferramenta educomunicativa”.