Diretor do MinC: participação popular é o cerne da política cultural do Governo

Publicada em 13/07/2023

A coordenação do 34º Inverno Cultural realizou na noite de terça, 11, mesa de debates intitulada Operários da Arte, na qual as políticas de emprego e renda para trabalhadores da Cultura foram o centro da questão. Mediado pelo reitor da UFSJ, Marcelo Andrade, o debate teve participação do diretor de Políticas para Trabalhadores do Ministro da Cultura (MinC), Deryk Vieira Santana; da diretora da Regional da Funarte em Minas Gerais, Daniela Meira; e do representante do Fórum dos Trabalhadores da Cultura de São João del-Rei, o ator Rodolfo Rodrigues.

Na abertura dos trabalhos, o reitor deu boas-vindas aos presentes e dedicou o evento à memória do diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, falecido recentemente, que marcou profundamente a arte teatral e a cultura brasileira.

Cultura na ponta
Falando com muita fluidez e vivacidade, o diretor Deryk Santana iniciou sua apresentação destacando as principais metas do seu Ministério, como a descentralização a partir da instalação de regionais em todos os estados. “Entendemos que a cultura deve chegar na ponta, estar próxima de quem realiza.”

O diretor refletiu também sobre a pandemia, que para ele foi um momento de muito aprendizado para os trabalhadores da cultura. “A covid-19 mostrou que as relações de trabalho precisam mudar.”

Deryk Santana deixou claro que a participação popular voltou a ser o cerne da política cultural do Governo Federal. Em seguida, apresentou as principais pautas e políticas prioritárias do Ministério da Cultura para este ano: aprovação de novo decreto sobre fomento e dos marcos regulatórios; a regulamentação de plataformas digitais; financiamento da cultura com mecanismos “perenes e contínuos”; e a promoção da diversidade e territorialização da política cultural. Some-se a essas ações a formação de profissionais para o mundo do trabalho da cultura e a garantia de todos aos direitos culturais.

Vale Cultura
Depois de apresentar e comentar aspectos da estrutura, atuação e metas do Ministério da Cultura, Deryk Santana revelou que uma das ações em desenvolvimento é a retomada do Vale Cultura, que foi um programa que existiu entre 2014 e 2015, abrangendo um grande número de trabalhadores e empresas.

O diretor do MinC se mostrou contra a burocracia intrínseca aos editais de fomento cultural e finalizou sua apresentação declarando que, para além da retomada, a sociedade vive um momento de reconciliação com a arte e a cultura. “E é importante que a população perceba que a arte e a cultura são feitas de gente, que precisa de emprego, renda e identidade de classe.” Deryk convidou todos a participarem da 4ª Conferência Nacional de Cultura, que acontecerá de 4 a 8 de dezembro, em Brasília (DF), tendo como tema Democracia e direito à cultura.

Funarte MG
A diretora da Regional da Funarte em Minas Gerais, Daniela Mendes, em sua fala, apresentou informações acerca do Complexo Cultural existente no centro de Belo Horizonte, que disponibiliza gratuitamente seis galpões equipados para que grupos de arte e cultura do Estado possam preparar, ensaiar e apresentar espetáculos no local. “Receber esses artistas em nossos espaços eu já considero uma política pública”, disse Daniela ao comentar as dificuldades e gastos que os artistas enfrentam para mostrar sua arte.

Desemprego
Representando o Fórum de Trabalhadores da Cultura em São João del-Rei, o ator Rodolfo Rodrigues começou sua fala abordando a gênese do grupo, que já se reunia antes da pandemia. Com a doença mundial, segundo ele, a situação dos artistas são-joanenses se agravou e a precarização da categoria ficou mais evidente, mostrando que a coletivização é o caminho mais importante.

Em seguida, Rodolfo denunciou que os artistas que se formam nas graduações da UFSJ em áreas como Música, Teatro, Artes Aplicadas e Jornalismo, caem, em sua grande maioria, no desemprego, pois no país não existe uma política para garantir empregabilidade a esses novos profissionais. O ator ressaltou também que, para ele, o termo “trabalhador da cultura” é inadequado, uma vez que o trabalho em nossa sociedade está ligado ao sacrifício. O artista, ao contrário, faz aquilo que ama, apesar de muitas vezes a sociedade não reconhecer o fazer artístico como tarefa árdua, que os trabalhadores também precisam sobreviver. “Trabalhar com arte é sofrido, dói, estressa.”

Rodolfo abordou diversos aspectos das dificuldades para quem sobrevive no mercado cultural: a falta de uma política que insira o trabalhador dessa área no mundo do trabalho e a realidade artística e cultural de São João del-Rei, que não permite que os artistas locais utilizem gratuitamente os espaços públicos de cultura, os quais devem ser gratuitos, pois funcionam com impostos dos cidadãos.

Ao fim de sua fala, Rodolfo cantou, à capela, o emblemático samba Canto das Três Raças, sucesso da cantora Clara Nunes, que retrata o sofrimento do povo brasileiro. Antes do debate, o ator, que também é performer, comandou uma espécie de happening: um boi-bumbá entrou cantando pelo auditório da Biblioteca, acompanhando o público presente.

Encerradas as falas dos convidados, eles responderam a perguntas sobre cultura popular, indústria cultural e empregabilidade dos trabalhadores da cultura.

Acompanhe a programação completa do festival, que conta com mais de 90 apresentações, assim como a cobertura de bastidores e entrevistas. Siga nossas redes! Vem pro Inverno!

https://invernocultural.ufsj.edu.br/
https://www.instagram.com/invernocultural/
https://www.facebook.com/invernocultural
https://invernocultural.ufsj.edu.br/podcasts
https://www.youtube.com/@tvufsj/videos
https://www.flickr.com/photos/198697773@N04/albums