Nossa Serra tem que ser preservada!
Publicada em 02/06/2023
A Cachoeira do Mangue, localizada na Serra de São José, vinha sofrendo forte ameaça com a possibilidade de leiloamento para empresas privadas de mineração, com o intuito de transformar sua área numa pedreira.
O Mangue se constitui como patrimônio natural de valor inestimável para a região, que abriga diversos ecossistemas da fauna e da flora locais. Além da paisagem deslumbrante, que fomenta o turismo na cidade, a cachoeira é uma herança ambiental para os moradores e futuras gerações, além de ser conhecido como o “berço das libélulas”.
O anúncio do leilão foi divulgado em 22 de maio, e seria realizado no mesmo dia. Uma mineradora já tinha dado lance de R$ 131 mil reais para os dez hectares da região. Contudo, no final da tarde da última quarta, 31 de maio, a Prefeitura de Tiradentes, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e o Instituto Estadual de Florestas entraram em acordo e suspenderam a venda.
Ainda assim, diante da ameaça que ainda paira sobre o Mangue, setores organizados da cidade e da região estão se mobilizando para impedir a destruição da cachoeira. Um abaixo assinado, o SOS Mangue, foi divulgado e já conta com quase seis mil assinaturas.
O documento prevê, além da suspensão da venda, a promoção de ações efetivas para preservação de todo o sítio arqueológico da Serra de São José, como a realização de estudos ambientais abrangentes para avaliar os impactos da exploração da pedreira, a construção de parque natural que inclua a Cachoeira do Mangue, com medidas de preservação efetivas e um plano de manejo sustentável, entre outras demandas.
A venda daquela área para mineradoras causaria danos irreparáveis ao meio ambiente, além de prejuízos à população local. Segundo o professor do Departamento de Geociências da UFSJ (DEGEO), Leonardo Rocha, a cidade de Santa Cruz de Minas seria a mais afetada com o leilão. “O município depende da água da Serra. Se a venda acontecer, a cidade sofrerá com a falta de abastecimento”, explica.
Ademais, cursos da Universidade, como Geografia e Biologia, utilizam a Cachoeira do Mangue e outros espaços da Serra de São José para pesquisas de campo e práticas educativas. “Diversos pesquisadores que desenvolvem suas dissertações e teses sobre a região seriam extremamente prejudicados, sem falar nos grupos de estudos que trabalham para a preservação da área, analisando a qualidade da água ou do solo.”
A preservação da Serra é fundamental em diversos aspectos. “Diversas pinturas rupestres também estão localizadas na área, sendo um patrimônio histórico inestimável. São muitos sítios arqueológicos que mostram nossos antepassados, nossa história. A fauna e flora local, a qualidade e disponibilidade da água, a economia através do turismo… tudo isso seria prejudicado. Não há benefício nenhum para a sociedade, apenas para a empresa privada”, ressalta o professor.
À vista disso, aproveitando o feriado de Corpus Christi, no sábado, 10 de junho, o Fórum dos Trabalhadores da Cultura de Tiradentes vai promover cortejo para um abraço simbólico, que tem por objetivo pedir o tombamento federal da Serra de São José. Vamos juntos nessa luta! A Serra é nossa!
Acompanhe mais detalhes dessa movimentação no Instagram Salve a Serra de Tiradentes.
Texto: Gabriella Canuto (Estagiária ASREC)
Edição: Cibele de Moraes (ASCOM) Orientação: Luciene Tófoli (ASREC)