Plano Diretor UFSJ – 2010

 

Propostas da Comunidade do Campus Alto Paraopeba para o plano diretor da UFSJ

 

Ouro Branco, 9 de Março de 2010

 

 

  1. Introdução

O desafio de se criar um plano diretor para a Universidade Federal de São João del Rei, empreendido pela Pró-Reitoria de Planejamento da UFSJ, é uma iniciativa que demonstra o amadurecimento de nossa instituição e o desejo de continuar trilhando os caminhos do crescimento sustentado. Este documento tem o objetivo de colaborar com esse processo, servindo como uma proposta coletiva, representativa dos interesses dos membros da comunidade acadêmica, incluindo alunos, professores e técnicos administrativos, assim como da prefeitura do campus, a serem avaliadas durante o processo de confecção do pano diretor da UFSJ. Este documento foi originalmente elaborado a partir de sugestões enviadas por e-mail, discutidas em reuniões abertas e em grupos de trabalhos temáticos, tendo sido publicamente apresentado para a comunidade universitária no dia nove de Março de 2010.

O esforço coletivo aqui representado deve refletir o interesse da comunidade acadêmica em trabalhar em conjunto visando o bem comum. Para a sua confecção buscou-se a participação de todos os membros da comunidade, que foram encorajados a sugerir demandas para o plano diretor ora em elaboração. Foram consideradas também as diretrizes do Campus Alto Paraopeba e do REUNI, documentos que definem o direcionamento da expansão das instituições federais de ensino.

O Campus Alto Paraopeba surgiu em 2007 a partir de um esforço conjunto da UFSJ, do Governos Federal e dos Municípios e empresas do Alto Paraopeba, abrigando 5 cursos de engenharia (Civil, Química, Mecatrônica, Telecomunicações e Bioprocessos), com a possibilidade de diplomação intermediária em Bacharel em Ciência e Tecnologia. Desde a origem, o Campus Alto Paraopeba tem o objetivo de inovar, visando ser um Campus do Século XXI, como fica claro em suas Diretrizes Gerais (aprovada no CONSU em 18 de Fevereiro de 2008). Este documento estabelece que a estrutura do campus deve refletir as diretrizes ali colocadas, expressas em construções eficientes, baseadas em princípios de sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Nossos planos de expansão devem também considerar os interesses das comunidades regionais, que colaboram na implementação do Campus e deverão se beneficiar de projetos de extensão. Também devem ser considerados os projetos já em avaliação interna, de implementação de cursos de pós-graduação.

As oportunidades de inovação, determinadas pelas diretrizes do Campus, não podem deixar de ser implementadas devido a empecilhos burocráticos ou administrativos. Para evitar que isso aconteça, precisamos nos antecipar às crises e às oportunidades por meio da elaboração de projetos e pareceres técnicos, amplamente fundamentados e disponibilizados publicamente a tempo de sua adequada apreciação pelos órgãos competentes. Para o bom funcionamento e o uso eficiente da estrutura física do Campus é preciso que toda a sua comunidade (discentes, docentes e técnicos) esteja envolvida em todas as etapas deste processo contínuo.

O Plano Diretor para o Campus Alto Paraopeba deve necessariamente entender a inovação presente nas suas Diretrizes Gerais como fonte de referência principal para as suas ações. De acordo com as diretrizes do Campus Alto Paraopeba, este deve buscar adiantar-se a seu tempo no Brasil, “buscando implementar em todas as suas ações, inclusive naquelas relativas às suas instalações físicas, uma concepção do que há de mais moderno em termos de consciência eco-desenvolvimentista”. Assim, qualquer projeto executado dentro do Campus Alto Paraopeba deve estar atento ao uso consciente dos recursos naturais, visando a minimização dos desperdícios, o uso de energias limpas e renováveis e a integração com a natureza, uma vez que somos privilegiados pela natureza que nos cerca e pela fauna que nos visita diariamente.

O plano diretor deve ser pensado, executado e concluído tendo sempre em mente a redução do impacto ambiental: devemos sempre procurar construir sem destruir. O CAP deve também estar perfeitamente integrado ao ambiente que lhe cerca, não só a fauna e flora, mas também à paisagem e ao clima, caracteristicamente chuvoso, dessa região. Este Campus nasce para servir de exemplo de integração entre o Ensino Superior de qualidade e o Meio Ambiente. Qualquer pessoa que adentre seu perímetro deve imediatamente ser inspirada por sua atmosfera e perceber que está em um Campus do Século XXI. Proporcionar essa experiência é justamente o objetivo desta proposta.

  1. Infra-estrutura do campus

Hidráulica

Telefonia (orelhão)

Elétrica

Rede wireless / Tomadas espalhadas pelas áreas de convivência para uso de laptop na área externa

Internet

 

É difícil prever a necessidade de largura de banda de Internet para um longo período de tempo. Não é possível prever os serviços que serão ofertados num futuro próximo, pois a cada dia novas possibilidades aparecem. Assim, a expectativa de crescimento da Internet, sob o ponto de vista do plano diretor, deve considerar algumas tendências observadas nos últimos anos como forma de previsão.

O crescimento da Internet é exponencial. Em parte, isso é devido ao aumento do número de usuários na rede, mas também se deve ao aumento da necessidade da largura de banda das novas aplicações. Segundo Tanembaum (1996) e Chan (1995), o crescimento da Internet é exponencial e dobra a cada 15 meses. E a perspectiva é que esse crescimento ainda seja maior para os próximos anos. Se descontarmos o crescimento do número de usuários conectados, que é cerca de 15% ao ano, é possível estimar que a demanda por usuário dobre a cada 18 meses.

Outro fator importante é definir qual a necessidade de largura de banda imediata por usuário conectado, quantos usuários se conectam simultaneamente nos momentos de pico e quais as suas necessidades de serviços. O uso de servidores de armazenamento temporário (cache) também pode interferir na velocidade de acesso.

Um ponto de partida para a estimativa das necessidades dos usuários pode ser a oferta de serviços residenciais de acesso à Internet banda larga. Atualmente, a maioria das empresas oferece acesso médio de 1 Mbps. Poucos assinantes contratam menos que 1 Mbps e ainda é restrito o acesso a velocidades superiores. Com 1 Mbps, o usuário doméstico se sente confortável e bem servido no acesso à Internet.

Certamente é um exagero oferecer 1 Mbps para cada usuário conectado em uma grande rede coorporativa, como a rede do CAP/UFSJ, pois nem todos estão conectados simultaneamente e mesmo aqueles que estão conectados não demandam exclusivamente toda a largura de banda para si, pois somente exigem o uso da largura de banda nos momentos de acesso à páginas e arquivos. Uma boa estimativa é que cada usuário ocupe realmente uma banda equivalente a 100 kbps nos momentos em que esteja conectado. Assim, se 10 usuários compartilharem uma banda de 1 Mbps, todos devem ficar razoavelmente bem servidos, exceto em momentos em que coincidam as necessidades de acesso de vários usuários. Mas, em redes com um grande número de usuários, as coincidências se diluem de forma a deixar todos confortáveis com o acesso.

A última questão a ser esclarecida é o número de usuários simultâneos no CAP/UFSJ. Essa questão é específica do ambiente, pois ela depende da forma de trabalho de cada um, suas necessidades e comportamento. Com a implantação completa do campus, 2500 alunos, em dois turnos, e cerca de 150 servidores terão acesso aos recursos computacionais. Os alunos não vão para a universidade para acessar a Internet, pois até mesmo os recursos computacionais para isso são escassos. Mesmo sem embasamento científico e estatístico para isso, podemos estimar que cerca de 10 a 20% em cada turno estarão conectados, representando entre 125 e 250 usuários. Como os servidores precisam do acesso à Internet para o desempenho de suas funções, a demanda entre eles deve ser maior, algo entre 30 e 50%, representando 45 a 75 usuários. Nesse cenário, o número de usuários simultâneos deve ser algo entre 170 e 325 usuários. Como a estimativa é muito superficial, uma média de 250 usuários simultâneos pode atender ao cálculo da necessidade de largura de banda.

A partir dessas estimativas, é possível construir a seguinte tabela para as necessidades de largura de banda de Internet para o CAP/UFSJ para os próximos 10 anos.

 

Ano

Demanda por usuário

(duplica a cada 18 meses)

Número de usuários simultâneos

Necessidade de largura de banda do CAP

2010

100 kbps

120

12 Mbps

2011

~170 kbps

200

34 Mbps

2012

~250 kbps

250

62 Mbps

2013

400 kbps

250

100 Mbps

2016

1600 kbps

250

400 Mbps

2019

6400 kbps

250

1600 Mbps

 

É importante observar que a tabela reflete a largura de banda suficiente para que os usuários se sintam tão confortáveis no acesso à Internet no CAP/UFSJ como se sentem em suas residências. Não é possível conceber que o ambiente universitário tenha condições de acesso Internet inferiores às residências dos seus servidores, pois a Internet é ferramenta fundamental para o desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão, desenvolvidas pela comunidade acadêmica dentro da universidade.

As estimativas são preliminares e diversos fatores podem interferir no crescimento apresentado. É possível contemplar um limite para a necessidade de largura de banda por usuário, representado pela demanda de um serviço de vídeo-conferência de alta definição, algo em torno de alguns megabits por segundo. No entanto, novos serviços podem ser desenvolvidos, como vídeos tridimensionais, holografias, realidade virtual e outros. Logo, seria prudente considerar o desenvolvimento observado da Internet nos últimos anos como referência para seu crescimento para a próxima década.

  1. Melhoria de espaço Físico

O Campus Alto Paraopeba (CAP) conta atualmente com 1147 pessoas, dentre as quais 1000 alunos, 85 professores e 35 funcionários, além de 27 funcionários terceirizados. Uma vez atingido o número máximo de docentes, discentes e funcionários, a comunidade do CAP será composta por aproximadamente 3000 pessoas. Essa estimativa representa aproximadamente 10% da população do município de Ouro Branco, centro urbano mais próximo do CAP. A implementação do CAP, representa um grande impacto social e econômico para a região, caracterizada por centros urbanos pequenos, mas em grande expansão devido à atividade mineradora e siderúrgica.

A comunidade acadêmica do CAP terá de trabalhar visando um campus em permanente sintonia com novos conhecimentos, em interação com a comunidade local, e que represente o que a região do alto Paraopeba tem de melhor. O campus tem de estar preparado para proporcionar à comunidade do CAP um ambiente agradável, que privilegie o desempenho acadêmico e a troca de idéias. Queremos oferecer aos nossos estudantes uma vida estudantil estimulante, e que eles encontrem no ambiente universitário possibilidade de descobrir, expor e valorizar seus talentos.

Necessitamos de um espaço físico que responda à demanda de professores, que permanecem praticamente o dia todo no campus devido aos seus compromissos com a pesquisa e ensino, junto com alunos de iniciação científica, e em breve, alunos de pós-graduação, além de espaços para o acolhimento de visitantes e áreas dedicadas a manifestações culturais e esportivas. Com a previsão de cursos de mestrado e doutorado num futuro próximo, teremos a necessidade de ampliação do espaço físico para abrigar as atividades de ensino, pesquisa e extensão associados aos cursos de pós-graduação.

A seguir discutiremos os principais aspectos do espaço físico do CAP a serem implantados e/ou melhorados.

Alimentação

Com a finalização do processo de implantação do campus, teremos uma comunidade universitária de cerca de 3000 pessoas. Grande parte dessa comunidade provém de localidades próximas, de difícil acesso, não havendo disponibilidade de transporte para a locomoção várias vezes por dia. Portanto, necessitamos de condições de alimentação dentro do campus.

O espaço físico destinado à alimentação deve estar de acordo com o regulamento técnico de boas práticas para serviços de alimentação, aprovado pela Resolução - RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Tal regulamento “aplica-se aos serviços de alimentação que realizam algumas das seguintes atividades: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo, tais como cantinas, bufês, comissarias, confeitarias, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, delicatéssens, lanchonetes, padarias, pastelarias, restaurantes, rotisserias e congêneres”. E tem o objetivo de “Estabelecer procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado.” Edificação e instalações são contempladas no item 4.1, o regulamento está disponível no site da ANVISA.

Por ser um ambiente de socialização a cantina ou refeitório deve ter ampla área interna, conforme a demanda dos alunos, e área externa para dias de bom tempo. Em suma, as instalações devem garantir tranqüilidade e conforto nas refeições, bem como espaço adequado para convivência. Devem ainda ser adequadas para a instalação de um restaurante universitário, cujo objetivo é oferecer alimentação digna e saudável por um custo que se adapte å realidade sócio-econômica de seus usuários. Caso isso não seja imediatamente possível, pode-se pensar em uma solução intermediária com auxílio alimentação para os alunos.

A possibilidade de abertura de lanchonetes ou mesmo trailers em torno do campus deve ser estudada, já que a concorrência estimula a excelência na prestação dos serviços. Com o grande contingente de alunos e funcionários previstos é dado como certo que um único local de alimentação ficará sobrecarregado, o que implicará em longas filas e atrasos. É importante permitir que mais estabelecimentos tenham a licença liberada e que a competição por preço, atendimento e qualidade seja o juiz dos serviços que permanecerão. Para isso pode ser utilizada a torre do Bloco 2 e é possível também disponibilizar um espaço para que empresas terceirizadas possam utilizar e oferecer alimentação a baixo custo e disponibilizar, pelo menos, espaço para refeitório.

Moradia Estudantil

O campus Alto Paraopeba localiza-se numa região fortemente industrial, onde existe um importante fluxo de imigrantes å procura de trabalho. Uma das conseqüências desse fenômeno é a saturação, nas cidades adjacentes, de imóveis para locação a preços viáveis para os estudantes. Este cenário é agravado pelo alto índice de renda das cidades da região, impulsionado pelo alto nível de emprego. Diante desse problema, os estudantes têm se organizado em repúblicas, muitas vezes em condições que prejudicam o rendimento acadêmico. Muitos abandonam o curso por falta de condições decentes de moradia, preferindo as universidades particulares em cidades mais acessíveis. É portanto imprescindível um projeto de moradia estudantil capaz de garantir as condições para a permanência do aluno na universidade.

Espaços de convivência

Por se tratar de um campus avançado, longe dos grandes centros urbanos, há uma deficiência marcante nas opções de lazer para toda a comunidade universitária. É, portanto necessário um projeto paisagístico-arquitetônico no campus com o objetivo de incentivar a convivência no ambiente universitário. Listamos abaixo alguns pontos pertinentes a este projeto.

  • Centro de convivência: restaurante, lanchonete, livraria, agência bancária;

  • Uma copa bem equipada para ser usadas pelos docentes e técnicos, contando com geladeiras, fornos, microondas, mesas, cadeiras, pias, etc.

  • Espaço para a prática de esportes: Algumas quadras poliesportivas cobertas, um circuito com marcações de quilometragem para corrida e uma área, próxima a quadra, com barras para alongamento além de lazer servirão como incentivo a pratica de atividades físicas. Isso é essencial em um campus de engenharias onde os alunos tendem a ficar longos períodos sentados ocupados com suas atividades acadêmicas. Desse modo, servidores e alunos poderão aproveitar intervalos e horários vagos para prática esportiva. É relevante ressaltar que esse incentivo contribui com a qualidade de vida e com o combate aos males modernos tais como obesidade, problemas de pressão, depressão dentre outros. Para otimizar a utilização do espaço tais quadras podem também ser usadas para atividades culturais sendo necessário para isso que haja um espaço específico junto a ela para dar suporte a eventos (camarim, banheiros, palanque).

Revitalização da Área Interna do Campus

Entre os blocos encontramos uma área ainda inutilizada, mas com um potencial reconhecido por todos. A revitalização desta área, com sua arborização, implicaria na imediata melhoria da qualidade de convivência do campus. É essencial que o projeto para esta área leve em consideração que ele é vizinha de salas de aula e salas de professores, por isso seu projeto deve ter como meta a criação de um ambiente pacífico, de relaxamento, descanso e contemplação. O projeto ideal seria um grande aumento na sua arborização, com a localização de alguns bancos e mesas mais próximas da parte central e possivelmente uma fonte no seu exato centro, pois é notório o poder relaxante que este ambiente pode ter. É possível que nestas mesas tenhamos também tomadas onde seja possível ligar laptops para permitir o estudo e o trabalho em um ambiente mais agradável.

O espaço entre os blocos também se mostra como extremamente útil para permitir a passagem diagonal mais rápida entre o Blocos 6 e 2, que hoje se faz através dos blocos 4 e 5. Um outro benefício imediato da arborização deste ambiente é a diminuição da incidência solar com o consequente o aumento do conforto térmico em várias salas. No verão muitas salas do Bloco 3 são tomadas pelo sol, o que implicou em uma mudança em massa dos professores para o Bloco 2.

Revitalização da Área Externa do campus

A exemplo da área interna deve-se arborizar a maior área possível da área externa do campus, sob a sombra de tais árvores convém ter bancos e mesinhas fixas onde os universitários posam estudar, ler, reunir grupos de trabalhos escolares ou simplesmente reunir amigos e lanchar. Além de promover a socialização dos alunos e oferecer um espaço alternativo para estudo, “desafogando” bibliotecas e salas, a área verde melhorará o clima e o aspecto visual do campus.

Um dos problemas do CAP é a sua distância da cidade, no entanto isso também pode ser considerado um dos seus maiores privilégios, pois ele se encontra dentro de um agradável ambiente natural. Somos frequentemente visitados pela fauna local (siriemas, tucanos, papagaios, pica-paus, gaviões, falcões, corujas, furões, macacos, sapos, gralhas e até mesmo lobos-guará). Esta união com a natureza não deve ser perdida de forma nenhuma, muito pelo contrário, deve ser estimulada. A melhor forma de estimular isso é com o extenso plantio de árvores, de preferência nativas e frutíferas. As árvores frutíferas devem ser plantadas fora dos estacionamentos e áreas de uso diário, de preferência nos arredores externos do campus. Especificamente na área de estacionamento as árvores podem atrapalhar na iluminação e na vigilância, mas ao redor do campus isso não deve ser problema. Podem ser colocados também comedouros para pássaros e placas informativas sobre as espécies que visitam o CAP. O ambiente externo deve contar com lixeiras com tampas, para que os animais não comam o lixo.

Acessibilidade

As novas construções devem atender às necessidades dos portadores de deficiência física conforme o capítulo IV art. 11º da lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Para que a segurança, a facilidade e o conforto sejam garantidos as normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) devem ser consideradas.

No prédio já consolidado deve ser analisada criteriosamente a possibilidade de pelo menos um acesso alternativo ao andar superior que garanta mobilidade ao portador de deficiência física no caso de problemas dos elevadores. Tal acesso é crucial em casos de emergência. Devem ser analisadas também as instalações dos laboratórios, onde devem haver bancadas com altura adequada e acesso livre, de modo a garantir o acesso.

  • Colocar os elevadores em funcionamento;

  • Rampas de acesso para o caso de falta de eletricidade nas novas construções;


 

Espaço para pesquisa, ensino, extensão

Pesquisa

Atualmente, UFSJ está passando por um processo de expansão dos cursos de graduação, onde houve um expressivo aumento de do número de vagas oferecidas na graduação. Isso implicou num aumento do corpo docente, sendo a maioria doutores. Dessa forma, o próximo passo é a expansão dos programas de pós-graduação na sede e a criação destes programas nos campus avançados, onde se insere o CAP. Portanto é imprescindível que o plano diretor preveja a infra-estrutura necessária para consolidação desses programas. Dentre elas, destacamos:


 

Núcleo de Inovações Tecnológicas (NIT)

O Campus Alto Paraopeba da UFSJ foi sabiamente criado com uma proposta moderna, onde o conservadorismo e o apego ao passado cede lugar ao empreendedorismo e a inovação tecnológica. Os cursos de engenharia aqui oferecidos são todos voltados às novas tecnologias, e o corpo docente é altamente capacitado ao desenvolvimento de novos produtos, técnicas e serviços. Entretanto, é comum em nosso país que a inexistência de uma cultura de retenção do conhecimento gerado em território nacional contribuam para a perda desses profissionais e dessas tecnologias para outros países. O Núcleo de Inovações Tecnológicas teria o objetivo de oferecer apoio a projetos de inovação tecnológica, propostos tantos por estudantes, professores e técnicos assim como moradores da região. Para isso, o NIT precisará contar com estrutura para Empresas Juniores, onde estudantes, devidamente supervisionados por professores e técnicos da UFSJ poderão trabalhar diretamente com empresas para a disseminação tecnológica e importante treinamento para a vida profissional.

Gerenciamento do NIT e Escritório de Propriedade Intelectual

Toda a estrutura do NIT deverá ser gerenciada por uma equipe de especialistas em cada área de pesquisa do campus assim como por um Escritório de Patentes, que poderá ser comum a todos os campi da UFSJ, mas que deverá possuir ao menos uma secretaria em cada unidade para permitir não só o acesso rápido e eficiente à burocracia envolvida no processo de pedido de patentes, mas também a disseminação da cultura de proteção intelectual entre os estudantes e pesquisadores. Concomitantemente, a Universidade deverá criar uma política global e transparente para a Propriedade Intelectual.

Incubadora de Empresas

Uma Incubadora de Empresas, também parte da proposta do NIT será a ponte entre a Universidade e os empreendedores locais, que poderão utilizar-se da estrutura dos laboratórios de pesquisa do CAP para transformarem suas idéias em produtos e processos.

Laboratório de Desenvolvimento de Protótipos

O NIT também deverá contar com um laboratório de desenvolvimento de protótipos, que poderá, ao menos a princípio, utilizar as mesmas instalações da oficina de elétrica, eletrônica e mecânica, proposta anteriormente.

Ampliação Territorial

Embora o CAP tenha uma grande área, parte dela não pode ser usada por causa das características do terreno, outra parte grande deve servir de estacionamento e ainda propomos que a maior parte possível seja arborizada. Soma-se a isso o fato de que construir prédios altos implicaria em descaracterizar o conjunto arquitetônico do CAP, além de atrapalhar a bela paisagem. Portanto, percebe-se que no futuro um dos gargalos mais importantes será a falta de espaço físico. Por isso o plano diretor já deve ter em mente a ampliação territorial do CAP, provavelmente na área que cerca a ladeira de entrada até o trevo com a MG 443.

È preciso ter em vista também que além da expansão das atividades acadêmicas que precisarão de mais espaço, pode haver também a necessidade de espaço para empresas terceirizadas que venham a firmar convênios com a UFSJ.

Orientação

Ao redor do campus devem ser espalhadas placas de identificação e localização para facilitar a orientação dentro do CAP. Nos blocos já existentes devem ser colocadas placas que identifiquem os mesmos, que também podem ser internamente pintados com faixas de cores diferentes para identificação imediata. Toda a identificação dos blocos, salas e setores deverá ser revista para permitir racionalizar a orientação dentro do CAP.

Embora pareça ser simples a orientação interna no CAP, na prática ela é bastante difícil, sendo comum todo o tipo de confusão. Com a criação de mais edificações e com a abertura do Bloco 1, que será a entrada principal, é esperado que estas confusões aumentem. É importante que mesmo após a abertura do Bloco 1, ainda seja permitida a entrada pela portaria que fica entre os Blocos 3, 5 e 6 para permitir o acesso mais direto a estes blocos sem a necessidade de dar a volta no campus ou criação de congestionamentos humanos no pavilhão de entrada em horários . Deve ser levado ainda em consideração que o estacionamento na frente do Bloco 5, que é agora utilizado, deverá ainda ser utilizado no futuro e se não houver esta passagem será necessário andar até o Bloco 1, o que além de desnecessário será desagradável nos muitos dias chuvosos que temos.

Farmácia/Ambulatório

Uma vez que o Campus Alto Paraopeba encontra-se distante dos centros comerciais das cidades da região, e que é de extrema importância o incentivo da permanência da comunidade acadêmica para uma máxima utilização das estruturas do campus nos três turnos (matutino, vespertino e noturno) a criação de um “ambiente universitário” se faz necessária com a implantação de alguns serviços tais como uma farmácia e um ambulatório, o que facilitaria o atendimento em caso de acidentes nos laboratórios e demais dependência do campus, além de impedir a compra de remédios em cantinas e restaurantes, prática proibida pela ANS.

Telefones Públicos

É verdade que nos tempos atuais, o uso da telefonia móvel está amplamente disseminado entre as diversas classes sociais do Brasil. Entretanto, a presença de telefones públicos no campus é justificada pela presença de pessoas que não possuam tal tecnologia, além da utilização dos telefones públicos em casos de emergências onde o telefone móvel não está funcionando.

Transporte coletivo

Também para permitir o fácil acesso da comunidade ao campus é necessário o oferecimento de transporte coletivo gratuito ou subsidiado para os estudantes e servidores, em horários variados nos três turnos, garantindo assim que a distância campus/cidade não interfira na utilização de toda a infra-estrutura oferecida.

Agências Bancárias e dos Correios

Outro importante fator a ser considerado é a perda de tempo e o gasto necessário ao sair do campus para se realizar atividades rotineiras tais como enviar cartas e encomendas pelo correio e realizar atividades bancárias. Visando evitar estes transtornos, seria extremamente importante a instalação nas dependências do campus de uma agência dos Correios e de pelo menos caixas eletrônicos dos principais bancos do país. Neste ponto, seria interessante verificar a possibilidade da implantação de uma ou mais agências bancárias, o que já ocorria quando a atual estrutura do campus era ocupada pelo escritório central da Açominas (atual Gerdau), uma vez que a segurança para estes estabelecimentos deixaria de ser responsabilidade da universidade e passaria para os bancos responsáveis.

Livraria/Sebo

Uma demanda importante é a licença para implantação de uma livraria no campus, que possibilitaria à comunidade a compra de livros técnico-científicos bem como a de literatura em geral, além de jornais e revistas diversas facilitando o acesso da comunidade acadêmica a informação de qualidade que vai além de sua formação técnica.

Lanchonete e Copiadora

Com o aumento no número de alunos e servidores, a existência de uma única lanchonete será inviável, sendo necessário o aumento no número de estabelecimentos, o que proporciona uma maior concorrência, o que garante uma redução nos preços dos produtos e aumento na qualidade. Exatamente o mesmo deve ser dito a respeito do serviço de cópias e impressão, serviço este imprescindível para um perfeito funcionamento de um campus universitário de qualidade e que já se encontra em vias de esgotamento, sendo um gargalo já existente.

Coleta seletiva e reciclagem de lixo

Como mencionado anteriormente, o Campus Alto Paraopeba surge com uma proposta de integração com o meio ambiente e sustentabilidade. Seguindo então estas diretrizes é de máxima importância a criação de um serviço de coleta seletiva sério, com uma conscientização de toda a população que utiliza as instalações do campus para a importância da reutilização e reciclagem dos resíduos gerados pelas diversas atividades realizadas em uma Universidade.

O planejamento estratégico de qualquer instituição, seja ela pública ou privada, é de essencial importância para o seu crescimento de forma eficiente e constante. A instituição que possui planejamento estratégico, participativo e de longo prazo, torna-se menos vulnerável a variações no cenário externo. Notadamente, o planejamento estratégico permite à instituição colocar-se em posição privilegiada frente a oportunidades de financiamento, frequentemente desfrutadas não pelas instituições que mais precisam ou mais merecem o recurso, mas sim por aquelas que possuem a estrutura organizacional preparada para absorver investimentos de imediato. Tal estrutura requer uma excelente orquestração de articulação política, conhecimento burocrático e também técnico, expresso na disponibilidade de projetos bem fundamentados e viabilizados.

Comissão Permanente de Planejamento Estratégico

A fim de contemplar estes requisitos, sugerimos que seja criada uma comissão permanente de planejamento estratégico para o Campus Alto Paraopeba, e potencialmente para outras Unidades Administrativas da UFSJ. Esta comissão seria composta por representantes docentes, discentes e técnicos e trabalharia em conjunto com a prefeitura do Campus e serviria não somente para auxiliar no planejamento e no levantamento de dados técnicos para a tomada de decisões estratégicas, mas também como uma forma de aproximar toda a comunidade acadêmica dos desafios e oportunidades inerentes à administração da Universidade.

Espaço físico e estrutura organizacional da Prefeitura do Campus

Vale também relembrar que a atual estrutura administrativa do Campus não deixa clara a função local da Prefeitura do Campus. Embora o Campus conte com profissionais do corpo técnico que acumulem responsabilidade executivas, eles não possuem cargos que efetivamente lhes conceda a autoridade e reconhecimento adequados à sua função. Tais situações levam a conflitos e ao engessamento da estrutura administrativa, onde muitos funcionários não sabem a quem devem responder.

Ainda sobre a prefeitura do campus, é necessária a criação de um serviço de jardinagem que mantenha a aparência do campus constantemente adequada. O modelo usado atualmente, em que dezenas de funcionários deslocam-se durante dois dias por semestre do campus-sede até o CAP para realizarem uma limpeza geral é aparentemente mais caro e certamente menos eficiente, uma vez que a aparência do campus durante a maior parte do semestre é de completo abandono.

Comissão Permanente para a Integração Discente

Sugerimos também a criação de uma Comissão Permanente para a Integração Discente, com funcionamento similar à Comissão de Planejamento Estratégico, mas devotada especificamente para o bem-estar dos estudantes e sua inserção na comunidade acadêmica. Esta comissão trabalharia juntamente com a DICON e PROEX, gerando estudos demográficos que auxiliem no direcionamento dos investimentos nestes órgãos, visando o aumento da produtividade destes investimentos.

Estes ajustes administrativos significariam uma maior participação da comunidade acadêmica na administração do campus, e está em sintonia com técnicas de administração modernas. Esses novos pilares da administração demonstram que o amadurecimento e crescimento de empresas e instituições deve acontecer de forma sincronizada, e ser acompanhado de abandono do micro-gerenciamento para a implantação de uma estrutura em que os líderes se preocupam não mais com problemas rotineiros (como o momento de cortar a grama), mas sim com o direcionamento da instituição em nível global. Tal mudança permitirá à UFSJ continuar a trilhar o caminho do crescimento acelerado sem a perda da excelência no ensino, bandeira maior da Universidade.


 

Uma das grandes questões discutidas continuamente por toda a sociedade brasileira diz respeito a segurança. Em todas as esferas da população há uma preocupação cada vez maior com a preservação tanto dos bens materiais quanto da própria vida das pessoas. Apesar de querermos uma universidade aberta a toda a comunidade, é extremamente importante que medidas sejam tomadas para proteção do patrimônio público e privado. Não só nos preocupa a segurança contra o dano que possa ser causados por terceiros como quanto aqueles que podem ser produzidos por acidentes.

Uma medida simples que pode ser tomada é a colocação de grades nas janelas do primeiro e do segundo andar, uma vez que nossas salas e laboratórios possuem diversos equipamentos caros que podem ser facilmente roubados tais como computadores, notebooks, projetores, equipamentos de laboratório, bem como livros e pertences pessoais dos servidores. Uma hipótese que não pode ser descartada é o arrombamento da sala de professores para roubar provas, mudar notas e outras coisas. Na sala dos professores é interessante que tais grades sejam móveis, de modo a permitir um ambiente mais aberto e harmônico quando o responsável está presente, mas que possam ser trancadas quando ele sair.

Mesmo sabendo que o entorno do campus é muito extenso e não é cercado, o que permite a entrada de pessoas estranhas, a existência de uma guarita com cancela na entrada do CAP para controlar entrada e saída, bem como uma melhoria na iluminação do estacionamento e dos arredores e a presença de câmeras colocadas em lugares estratégicos nos estacionamentos facilitariam o trabalho da vigilância, reduzindo a incidência de tentativas de roubo. Além disso, é necessário a contratação urgente de mais vigilantes e a disponibilização de um sistema de radiocomunicação entre eles.

Visando proteger não apenas as pessoas, mas também os automóveis da ação dos fenômenos naturais tais como chuva (extremamente importante na região), sol e granizo, seria interessante a construção de um estacionamento coberto para os servidores da UFSJ (que permanecem a maior parte do dia no campus) e a cobertura das principais vias de acesso tais como a passagem que leva os estacionamentos (tanto principal quanto laterais) até a portaria e todos as demais passagens a serem construídas para ligar os diversos prédios que possam ser construídos na área do campus. Deve-se evitar o uso dos estacionamentos laterais, pois eles oferecem um maior risco, para isso é necessário racionalizar o espaço disponível através de um estudo de demanda tendo em mente que o deslocamento por carro ou ônibus é o único modo de se chegar no CAP. Além disso, os estacionamentos devem contar vagas específicas para portadores de necessidades especiais, vagas para motos e para veículos oficiais.

Para evitar a ocorrência de acidentes na hora de chegada e saída dos ônibus, sejam municipais, intermunicipais ou fretados, é importante a construção de pontos de ônibus cobertos fora da área de estacionamento, além da implantação no campus de pontos de carona cobertos em lugares específicos e bem iluminados.

Outro fator a ser considerado visando a melhoria das condições de segurança dos prédios seria a instalação de saídas de emergência, talvez com portas anti-pânico ou corta-fogo.

Além de todas essas medidas a serem realizadas, é extremamente preocupante as condições de segurança do acesso do campus, uma vez que o trevo é extremamente mal iluminado e sem calçamento, o que favorece a ocorrência de acidentes de carros, atropelamentos e roubos, já que há vários pontos onde pessoas mal-intencionadas podem se esconder. A via de acesso ao Campus deve ser calçada e bem iluminada para evitar ocorrências graves, especialmente no período noturno. Repete-se aqui novamente a necessidade de ampliação territorial do campus com a compra dos terrenos ao redor desta via de acesso.

Ainda dentro da questão de segurança, se faz necessário um sistema de combate a incêndio dentro das normas exigidas, com brigada de incêndio. É importante ressaltar que o CAP abrigará um contingente grande de alunos e de laboratórios e materiais potencialmente inflamáveis e perigosos, por isso é essencial a contratação de um técnico em segurança do trabalho que aja com fins de prevenir acidentes em todas as suas esferas. Faz-se necessário também a instalação de pára-raios para proteção de descargas elétricas, pois a região já tem um alto índice de raios e a arborização do campus pode aumentar a quantidade de descargas.


 

As diretrizes do CAP/UFSJ, conforme mencionado anteriormente, ressaltam que este Campus deve ser pensando de maneira eco-desenvolvimentista. Tal objetivo para um campus de engenharia é, por si só, altamente inovador. Se considerarmos que estamos ladeados por um patrimônio ecológico tombado (a Serra de Ouro Branco) e por uma usina siderúrgica de grande porte de outro (Gerdau Açominas), a posição do CAP é ainda mais interessante. Precisamos mostrar que é possível e necessário aliar desenvolvimento tecnológico com responsabilidade ambiental, a fim de estimular as empresas ao nosso redor a continuarem e expandirem seus investimentos na preservação do meio ambiente. Para alcançar estes objetivos, percebemos que investimentos de custo relativamente reduzido podem trazer benefícios significativos não só na aparência do Campus, mas também contribuir fortemente para a formação moral de nossos futuros engenheiros.

Reciclagem de água

É importante ser feito um estudo de custo de implantação de um sistema de coleta de água da chuva, para minimizar os efeitos da impermeabilização do solo, assim como reutilização da água. Pode-se, por exemplo, reutilizar a água usada em lavatórios para a descarga dos banheiros ou para irrigação.

Produção de energia renovável

Uma das grandes fontes potenciais de energia no CAP são os telhados do prédio principal. Estes poderiam ser utilizados para a instalação de painéis para o aquecimento de água ou mesmo fotovoltaicos. Outra possibilidade é a instalação de biodigestores anaeróbios para o tratamento primário dos resíduos líquidos e produção de energia. É importante que nosso plano diretor possua considerações sobre o custo e utilização de energia para que projetos que visem reduzir o uso de energia no campus possam ser bem fundamentados, de forma que quando as condições do mercado de energia estiverem favoráveis, fontes de energia alternativa possam ser imediatamente implementadas.

Gerenciamento de resíduos

Atualmente o CAP utiliza da estrutura da cidade de Ouro Branco para o tratamento de seus resíduos, tanto sólidos quanto líquidos, inclusive resíduos laboratoriais. Entretanto, em um modelo de auto-sustentabilidade completo todo o resíduo do campus deveria ser gerenciado pelo campus. Ainda que sejam utilizadas parcerias para a solução de problemas de maior escopo, é importante que o Campus participe efetivamente deste processo. Atualmente o campus possui lixeiras coloridas para a coleta seletiva de lixo, mas que efetivamente são inúteis, visto que não existe serviço de reciclagem disponível. É importante que façamos estudos de demanda para verificar a viabilidade da implantação de usinas de reciclagem na região, provavelmente em parceria com as prefeituras. É preciso também que essas lixeiras sejam espalhadas ao redor de todo o campus.

Sintonia com o Meio Ambiente

O grande destaque do CAP deve ser a sua harmonia com a natureza que lhe cerca. Mesmo dentro dos prédios devemos propiciar uma sensação de contato direto com a natureza. Por este motivo os prédios devem ter grandes janelas de vidro que permitam visualizar livremente a bela paisagem que nos cerca e os animais que passam por aqui. As árvores devem quase que entrar em nossas salas. A arborização deve ser a mais extensa possível, tanto na área interna quanto na área externa, sendo que nesta última o entorno dela deve ser arborizado com árvores frutíferas nativas da região para que pássaros e macacos possam vir se alimentar. Próxima ao entorno, perto das cadeiras e mesas da área externa, podem ser construídos comedouros com placas informativas sobre as espécies nativas da região. O respeito a fauna e a flora local deve servir de exemplo para as outras instituições. Mesmo nas áreas que forçosamente não deverão ser arborizadas por motivos diversos, deve-se utilizar o espaço para jardins floridos e bancos para tomar sol. Uma outra possibilidade que se abre é a criação de hortas e orquidários que podem ser cuidadas por alunos em projetos de extensão ou de iniciação.

Estímulo ao transporte alternativo

Embora o campus Alto Paraopeba esteja localizado fisicamente próximo ao centro de Ouro Branco (7 km) o uso de bicicletas como meio de transporte é inviabilizado pelas condições da estrada até a cidade. Um projeto de longo prazo poderia incluir a criação de uma ciclovia do CAP até Ouro Branco. Esta ciclovia poderia inclusive seguir o trajeto da Avenida Mariza, que, ao menos em tese, deveria seguir do atual Clube Palladium até a MG 443. É também necessário fornecer uma estrutura para trancar e proteger as bicicletas.


 

Este documento agrupa as sugestões de demanda dos membros da comunidade acadêmica do Campus Alto Paraopeba da UFSJ. Essas sugestões não estão embasadas em estudos quantitativos e também não são consensuais. Muitas dessas propostas podem ser consideradas utópicas ou irrealizáveis. Entretanto vale lembrar que a função de um plano diretor é primariamente avaliar, numérica e estrategicamente, todas as possibilidades. O julgamento de mérito de uma proposta só deve ser feito após a realização de extensa avaliação de custo x benefício.

A indisponibilidade atual de recursos, enquanto fator determinante para a execução de um projeto, não pode ser motivo para a rejeição de uma proposta. O bom administrador sabe que cada projeto, por mais mirabolante que nos pareçam à primeira vista, possuem um tempo de maturação e um momento de execução. A disponibilidade de uma variedade de projetos, desde que bem fundamentados, é um fator determinante do sucesso de instituições e empresas.

Em vários pontos deste texto foi levantada a importância da participação da comunidade acadêmica no processo de elaboração do plano diretor. Vale ressaltar que tal participação neste processo não deve se restringir à sugestão de demandas, aqui apresentadas, mas principalmente no acompanhamento de cada etapa do processo. Dessa forma, esperamos que o plano diretor da UFSJ se torne muito mais que uma simples sugestão pontual de direcionamento, se tornando um marco na história da UFSJ a ser lembrado como exemplo de correta utilização dos princípios de administração e engenharia e evidente em cada estrutura, em cada esquina, da UFSJ dos anos vindouros.

Um plano diretor nos diz o que o CAP será nas próximas décadas, no entanto existem alguns problemas que demandam soluções imediatas. Dentre eles se destaca a questão da segurança, o aumento da banda da internet, a liberação de licença para novas cantinas e a ampliação das salas de estudo dos alunos e dos espaços para as copias e impressão. A biblioteca e o auditório são também demandas urgentes, mas entendemos que são problemas que já estão em vias de resolução. Os outros problemas exigem atenção imediatas, pois são gargalos já existentes no CAP. Deve ficar claro também que nem todos os problemas serão resolvidos com construções e novas infra-estruturas. É necessária a contratação de pessoal, principalmente técnicos, para que tudo o que foi dito aqui possa de fato ser implementado de uma maneira funcional.

 

Este texto foi criado em um esforço coletivo e aberto a todos, e apresentado para toda a comunidade do CAP. Dado o tempo inferior a uma semana que nos foi dado para prepará-lo não foi possível que todos fossem consultados. Foi feito o possível para que ele representasse as demandas de todos os setores do CAP. Entende-se que a interação entre a comunidade do CAP (discentes, docentes e técnicos) e a criação do Plano Diretor não se encerra por aqui, sendo necessários futuros encontros e futuras reuniões para que o plano diretor atenda aos anseios daqueles que serão mais diretamente influenciados e envolvidos por ele. Espera-se que esta interação seja contínua e que conte com a participação de todos os interessados desde o planejamento até a entrega final.

  • Laboratórios para pesquisa científica com infra-estrutura adequada às especificidades de cada laboratório. Sabendo que cada aluno deve ter, no mínimo, 1,5 m2 de área útil, cada laboratório deveria ter 40 m2 de área útil, o que representa entre de 80 m2 e 100 m2 de área total ;

  • Oficina de eletrônica, mecânica e vidrarias para reparação de equipamentos, confecção de porta-amostras, circuitos etc. Tal laboratório permitirá o melhor aproveitamento da capacidade técnica do corpo docente para a confecção de aparelhos e equipamentos específicos para nossas necessidades de ensino e pesquisa assim como permitirá fornecer aos alunos importante experiência prática. Tal laboratório irá requerer a contratação de técnicos especialmente treinados para o uso dos equipamentos nele alocados.

  • Secretarias para os programas de pós-graduação;

  • Gabinetes ou salas destinados aos alunos da pós-graduação;

  • Salas para professores visitantes;

  • Salas para reuniões de grupos de pesquisa;

  • Um auditório pequeno da pós-graduação, para pequenas exposições, encontros semanais, defesas de teses etc. (aproximadamente 100 pessoas, menor do que o grande auditório);

  • Almoxarifado para reagentes químicos. Vale salientar que essa é uma demanda imediata, por ser de preocupação geral e por estarmos atualmente incoerentes com a legislação em vigor. A existência de almoxarifado projetado de acordo com as normas de segurança, além de uma demanda por espaço físico, é um ponto que traz benefícios nos aspectos de segurança e de sustentabilidade, uma vez que o almoxarifado reduziria os riscos de acidentes e contaminação do ambiente por reagentes químicos tóxicos. Além do mais, nossos estudantes precisam ser expostos à rotina de um almoxarifado para produtos químicos bem gerenciado como um complemento de sua formação acadêmica.

  • Ampliação e melhorias no almoxarifado já existente, principalmente relacionado à ergonomia

  • Construir uma oficina para manutenção de hardware e equipamentos anexa ao NTINF com bancadas e tomadas junto às bancadas.

    Graduação

    Será necessária a construção de novas salas de aula para que os blocos já existentes sejam desafogados e para que se possam dar eletivas. Muitas das salas hoje não conseguem dar conta de número de alunos, pois elas precisam ter entre 60 e 70 lugares e hoje a maioria comporta 45 lugares. O ideal seriam que estas novas salas fossem construídas nos novos blocos e que as salas dos blocos antigos fossem usadas para outros propósitos ou para as turmas menores dos últimos períodos.

    Auditórios

    Em todos os campi são necessários auditórios que caibam pelo menos uma entrada inteira do vestibular e mais seus docentes para congressos e aulas inaugurais. No CAP isso significa entre 350 e 400 lugares. No entanto, um auditório assim ficaria vazio em eventos menores, por isso é necessário também outros auditórios menores, entre 50 e 100 lugares, que possam servir também como salas de áudio e vídeo. Tal auditório deve contar também com um local específico para exposições artísticas (fotos, pinturas, esculturas, etc.) com pelo menos 120m2 de modo a incentivar o gosto pela cultura entre os discentes. É preciso que exista também um local específico para reuniões, as salas que temos agora não comportam os 125 docentes mais os técnicos, representantes discente e diretoria. O ideal seria fazer um destes auditórios menores em um tamanho intermediário, com cerca de 150 lugares.

    Pode-se pensar também em um salão de convivência para uso de ginástica laboral, atividades alternativas e para recepção de pequenos grupos de convidados

    Salas de estudo individual e em grupo

    O incentivo à permanência dos estudantes no Campus, mesmo fora do horário de aulas é de extrema importância para a melhoria da qualidade da vida acadêmica. Este fator se torna ainda mais importante no Campus Alto Paraopeba, uma vez que as condições de moradia de nossos estudantes são particularmente dificultadas pelos altos custos dos aluguéis na cidade. Este cenário faz com que muitos estudantes morem em repúblicas super-lotadas. Dessa forma, o estudante não possui em sua residência um ambiente propício e estimulante para o estudo, e a infra-estrutura da Universidade é essencial para o seu progresso acadêmico.

    Salas para os cursos de Idiomas

    Salas específicas para ensino de idiomas, com estrutura multimídia. A procura por esses cursos tem aumentado e não existem ambientes específicos para isso. A previsão do PROEX é de que precisemos de 5 salas para idiomas.

    Banheiros

    Com o aumento da permanência dos discentes e dos docentes no CAP os banheiros se tornarão um ponto crítico que deve ser tratado desde já. Se faz necessário a existência de banheiros com chuveiros para uso daqueles que ficarão o dia inteiro e também para aqueles que praticarão esportes nas quadras que serão construídas. É importante também que os docentes e técnicos tenham alguns banheiros separados dos discentes, pois eles permanecem no campus por mais tempo. Importante também que o papel higiênico seja colocado ao lado dos vasos sanitários. Uma simples medida como esta pode diminuir o uso de papel. Pode-se também diminuir o uso de papel para enxugar as mãos com a substituição dos atuais papéis para outros mais absorventes (ou com o uso de outras formas de enxugar). Ainda visando uma utilização melhor dos recursos, as torneiras devem ser acionadas por pedal, o que reduzirá muito o consumo de água.

    Vestiários

    Com a maior permanência no campus e com a construção de quadras esportivas será necessário vestiários para alunos e outro para servidores (técnicos e funcionários). Alguns membros de nosso campus, entretanto, sugerem que a construção de uma quadra de esportes na entrada do campus pode comprometer a aparência da mesma.

    Espaço para Diretório e Centros Acadêmicos

    A interação e o empreendedorismo juvenil são incentivados pelas diretrizes gerais do CAP. Para ampliar a autonomia dos estudantes e estimular sua permanência no campus sugerimos a construção de uma pequena vila de Centros Acadêmicos com 5 casas para os 5 cursos existentes.

    Prefeitura do CAP

    É importante que a prefeitura do campus tenha um lugar próprio de onde possa gerenciar todo o CAP, bem como uma estrutura organizacional bem definida dentro da estrutura da instituição, conforme discutido no item 5. Propomos a construção de um prédio externo, que possua ligação direta ao prédio principal, via rampas, que abrigue setores responsáveis pelo funcionamento estrutural do CAP (Prefeitura, DIMAP, Serviços de apoio terceirizados) e que tenha contato direto com terceiros, de preferência próximo à portaria principal, com:

  • Garagem para os carros oficiais.

  • Almoxarifado.

  • Central de segurança.

  • Plataformas de carga e descarga.

  • Pequeno alojamento de uso temporário e não contínuo

Núcleo de Inovações Tecnológicas (NIT)

O Campus Alto Paraopeba da UFSJ foi sabiamente criado com uma proposta moderna, onde o conservadorismo e o apego ao passado cede lugar ao empreendedorismo e a inovação tecnológica. Os cursos de engenharia aqui oferecidos são todos voltados às novas tecnologias, e o corpo docente é altamente capacitado ao desenvolvimento de novos produtos, técnicas e serviços. Entretanto, é comum em nosso país que a inexistência de uma cultura de retenção do conhecimento gerado em território nacional contribuam para a perda desses profissionais e dessas tecnologias para outros países. O Núcleo de Inovações Tecnológicas teria o objetivo de oferecer apoio a projetos de inovação tecnológica, propostos tantos por estudantes, professores e técnicos assim como moradores da região. Para isso, o NIT precisará contar com estrutura para Empresas Juniores, onde estudantes, devidamente supervisionados por professores e técnicos da UFSJ poderão trabalhar diretamente com empresas para a disseminação tecnológica e importante treinamento para a vida profissional.

Gerenciamento do NIT e Escritório de Propriedade Intelectual

Toda a estrutura do NIT deverá ser gerenciada por uma equipe de especialistas em cada área de pesquisa do campus assim como por um Escritório de Patentes, que poderá ser comum a todos os campi da UFSJ, mas que deverá possuir ao menos uma secretaria em cada unidade para permitir não só o acesso rápido e eficiente à burocracia envolvida no processo de pedido de patentes, mas também a disseminação da cultura de proteção intelectual entre os estudantes e pesquisadores. Concomitantemente, a Universidade deverá criar uma política global e transparente para a Propriedade Intelectual.

Incubadora de Empresas

Uma Incubadora de Empresas, também parte da proposta do NIT será a ponte entre a Universidade e os empreendedores locais, que poderão utilizar-se da estrutura dos laboratórios de pesquisa do CAP para transformarem suas idéias em produtos e processos.

Laboratório de Desenvolvimento de Protótipos

O NIT também deverá contar com um laboratório de desenvolvimento de protótipos, que poderá, ao menos a princípio, utilizar as mesmas instalações da oficina de elétrica, eletrônica e mecânica, proposta anteriormente.

Ampliação Territorial

Embora o CAP tenha uma grande área, parte dela não pode ser usada por causa das características do terreno, outra parte grande deve servir de estacionamento e ainda propomos que a maior parte possível seja arborizada. Soma-se a isso o fato de que construir prédios altos implicaria em descaracterizar o conjunto arquitetônico do CAP, além de atrapalhar a bela paisagem. Portanto, percebe-se que no futuro um dos gargalos mais importantes será a falta de espaço físico. Por isso o plano diretor já deve ter em mente a ampliação territorial do CAP, provavelmente na área que cerca a ladeira de entrada até o trevo com a MG 443.

È preciso ter em vista também que além da expansão das atividades acadêmicas que precisarão de mais espaço, pode haver também a necessidade de espaço para empresas terceirizadas que venham a firmar convênios com a UFSJ.

Orientação

Ao redor do campus devem ser espalhadas placas de identificação e localização para facilitar a orientação dentro do CAP. Nos blocos já existentes devem ser colocadas placas que identifiquem os mesmos, que também podem ser internamente pintados com faixas de cores diferentes para identificação imediata. Toda a identificação dos blocos, salas e setores deverá ser revista para permitir racionalizar a orientação dentro do CAP.

Embora pareça ser simples a orientação interna no CAP, na prática ela é bastante difícil, sendo comum todo o tipo de confusão. Com a criação de mais edificações e com a abertura do Bloco 1, que será a entrada principal, é esperado que estas confusões aumentem. É importante que mesmo após a abertura do Bloco 1, ainda seja permitida a entrada pela portaria que fica entre os Blocos 3, 5 e 6 para permitir o acesso mais direto a estes blocos sem a necessidade de dar a volta no campus ou criação de congestionamentos humanos no pavilhão de entrada em horários . Deve ser levado ainda em consideração que o estacionamento na frente do Bloco 5, que é agora utilizado, deverá ainda ser utilizado no futuro e se não houver esta passagem será necessário andar até o Bloco 1, o que além de desnecessário será desagradável nos muitos dias chuvosos que temos.

  1. Serviços

Farmácia/Ambulatório

Uma vez que o Campus Alto Paraopeba encontra-se distante dos centros comerciais das cidades da região, e que é de extrema importância o incentivo da permanência da comunidade acadêmica para uma máxima utilização das estruturas do campus nos três turnos (matutino, vespertino e noturno) a criação de um “ambiente universitário” se faz necessária com a implantação de alguns serviços tais como uma farmácia e um ambulatório, o que facilitaria o atendimento em caso de acidentes nos laboratórios e demais dependência do campus, além de impedir a compra de remédios em cantinas e restaurantes, prática proibida pela ANS.

Telefones Públicos

É verdade que nos tempos atuais, o uso da telefonia móvel está amplamente disseminado entre as diversas classes sociais do Brasil. Entretanto, a presença de telefones públicos no campus é justificada pela presença de pessoas que não possuam tal tecnologia, além da utilização dos telefones públicos em casos de emergências onde o telefone móvel não está funcionando.

Transporte coletivo

Também para permitir o fácil acesso da comunidade ao campus é necessário o oferecimento de transporte coletivo gratuito ou subsidiado para os estudantes e servidores, em horários variados nos três turnos, garantindo assim que a distância campus/cidade não interfira na utilização de toda a infra-estrutura oferecida.

Agências Bancárias e dos Correios

Outro importante fator a ser considerado é a perda de tempo e o gasto necessário ao sair do campus para se realizar atividades rotineiras tais como enviar cartas e encomendas pelo correio e realizar atividades bancárias. Visando evitar estes transtornos, seria extremamente importante a instalação nas dependências do campus de uma agência dos Correios e de pelo menos caixas eletrônicos dos principais bancos do país. Neste ponto, seria interessante verificar a possibilidade da implantação de uma ou mais agências bancárias, o que já ocorria quando a atual estrutura do campus era ocupada pelo escritório central da Açominas (atual Gerdau), uma vez que a segurança para estes estabelecimentos deixaria de ser responsabilidade da universidade e passaria para os bancos responsáveis.

Livraria/Sebo

Uma demanda importante é a licença para implantação de uma livraria no campus, que possibilitaria à comunidade a compra de livros técnico-científicos bem como a de literatura em geral, além de jornais e revistas diversas facilitando o acesso da comunidade acadêmica a informação de qualidade que vai além de sua formação técnica.

Lanchonete e Copiadora

Com o aumento no número de alunos e servidores, a existência de uma única lanchonete será inviável, sendo necessário o aumento no número de estabelecimentos, o que proporciona uma maior concorrência, o que garante uma redução nos preços dos produtos e aumento na qualidade. Exatamente o mesmo deve ser dito a respeito do serviço de cópias e impressão, serviço este imprescindível para um perfeito funcionamento de um campus universitário de qualidade e que já se encontra em vias de esgotamento, sendo um gargalo já existente.

Coleta seletiva e reciclagem de lixo

Como mencionado anteriormente, o Campus Alto Paraopeba surge com uma proposta de integração com o meio ambiente e sustentabilidade. Seguindo então estas diretrizes é de máxima importância a criação de um serviço de coleta seletiva sério, com uma conscientização de toda a população que utiliza as instalações do campus para a importância da reutilização e reciclagem dos resíduos gerados pelas diversas atividades realizadas em uma Universidade.

  1. Administração/Estratégia

O planejamento estratégico de qualquer instituição, seja ela pública ou privada, é de essencial importância para o seu crescimento de forma eficiente e constante. A instituição que possui planejamento estratégico, participativo e de longo prazo, torna-se menos vulnerável a variações no cenário externo. Notadamente, o planejamento estratégico permite à instituição colocar-se em posição privilegiada frente a oportunidades de financiamento, frequentemente desfrutadas não pelas instituições que mais precisam ou mais merecem o recurso, mas sim por aquelas que possuem a estrutura organizacional preparada para absorver investimentos de imediato. Tal estrutura requer uma excelente orquestração de articulação política, conhecimento burocrático e também técnico, expresso na disponibilidade de projetos bem fundamentados e viabilizados.

Comissão Permanente de Planejamento Estratégico

A fim de contemplar estes requisitos, sugerimos que seja criada uma comissão permanente de planejamento estratégico para o Campus Alto Paraopeba, e potencialmente para outras Unidades Administrativas da UFSJ. Esta comissão seria composta por representantes docentes, discentes e técnicos e trabalharia em conjunto com a prefeitura do Campus e serviria não somente para auxiliar no planejamento e no levantamento de dados técnicos para a tomada de decisões estratégicas, mas também como uma forma de aproximar toda a comunidade acadêmica dos desafios e oportunidades inerentes à administração da Universidade.

Espaço físico e estrutura organizacional da Prefeitura do Campus

Vale também relembrar que a atual estrutura administrativa do Campus não deixa clara a função local da Prefeitura do Campus. Embora o Campus conte com profissionais do corpo técnico que acumulem responsabilidade executivas, eles não possuem cargos que efetivamente lhes conceda a autoridade e reconhecimento adequados à sua função. Tais situações levam a conflitos e ao engessamento da estrutura administrativa, onde muitos funcionários não sabem a quem devem responder.

Ainda sobre a prefeitura do campus, é necessária a criação de um serviço de jardinagem que mantenha a aparência do campus constantemente adequada. O modelo usado atualmente, em que dezenas de funcionários deslocam-se durante dois dias por semestre do campus-sede até o CAP para realizarem uma limpeza geral é aparentemente mais caro e certamente menos eficiente, uma vez que a aparência do campus durante a maior parte do semestre é de completo abandono.

Comissão Permanente para a Integração Discente

Sugerimos também a criação de uma Comissão Permanente para a Integração Discente, com funcionamento similar à Comissão de Planejamento Estratégico, mas devotada especificamente para o bem-estar dos estudantes e sua inserção na comunidade acadêmica. Esta comissão trabalharia juntamente com a DICON e PROEX, gerando estudos demográficos que auxiliem no direcionamento dos investimentos nestes órgãos, visando o aumento da produtividade destes investimentos.

Estes ajustes administrativos significariam uma maior participação da comunidade acadêmica na administração do campus, e está em sintonia com técnicas de administração modernas. Esses novos pilares da administração demonstram que o amadurecimento e crescimento de empresas e instituições deve acontecer de forma sincronizada, e ser acompanhado de abandono do micro-gerenciamento para a implantação de uma estrutura em que os líderes se preocupam não mais com problemas rotineiros (como o momento de cortar a grama), mas sim com o direcionamento da instituição em nível global. Tal mudança permitirá à UFSJ continuar a trilhar o caminho do crescimento acelerado sem a perda da excelência no ensino, bandeira maior da Universidade.


 

  1. Segurança

Uma das grandes questões discutidas continuamente por toda a sociedade brasileira diz respeito a segurança. Em todas as esferas da população há uma preocupação cada vez maior com a preservação tanto dos bens materiais quanto da própria vida das pessoas. Apesar de querermos uma universidade aberta a toda a comunidade, é extremamente importante que medidas sejam tomadas para proteção do patrimônio público e privado. Não só nos preocupa a segurança contra o dano que possa ser causados por terceiros como quanto aqueles que podem ser produzidos por acidentes.

Uma medida simples que pode ser tomada é a colocação de grades nas janelas do primeiro e do segundo andar, uma vez que nossas salas e laboratórios possuem diversos equipamentos caros que podem ser facilmente roubados tais como computadores, notebooks, projetores, equipamentos de laboratório, bem como livros e pertences pessoais dos servidores. Uma hipótese que não pode ser descartada é o arrombamento da sala de professores para roubar provas, mudar notas e outras coisas. Na sala dos professores é interessante que tais grades sejam móveis, de modo a permitir um ambiente mais aberto e harmônico quando o responsável está presente, mas que possam ser trancadas quando ele sair.

Mesmo sabendo que o entorno do campus é muito extenso e não é cercado, o que permite a entrada de pessoas estranhas, a existência de uma guarita com cancela na entrada do CAP para controlar entrada e saída, bem como uma melhoria na iluminação do estacionamento e dos arredores e a presença de câmeras colocadas em lugares estratégicos nos estacionamentos facilitariam o trabalho da vigilância, reduzindo a incidência de tentativas de roubo. Além disso, é necessário a contratação urgente de mais vigilantes e a disponibilização de um sistema de radiocomunicação entre eles.

Visando proteger não apenas as pessoas, mas também os automóveis da ação dos fenômenos naturais tais como chuva (extremamente importante na região), sol e granizo, seria interessante a construção de um estacionamento coberto para os servidores da UFSJ (que permanecem a maior parte do dia no campus) e a cobertura das principais vias de acesso tais como a passagem que leva os estacionamentos (tanto principal quanto laterais) até a portaria e todos as demais passagens a serem construídas para ligar os diversos prédios que possam ser construídos na área do campus. Deve-se evitar o uso dos estacionamentos laterais, pois eles oferecem um maior risco, para isso é necessário racionalizar o espaço disponível através de um estudo de demanda tendo em mente que o deslocamento por carro ou ônibus é o único modo de se chegar no CAP. Além disso, os estacionamentos devem contar vagas específicas para portadores de necessidades especiais, vagas para motos e para veículos oficiais.

Para evitar a ocorrência de acidentes na hora de chegada e saída dos ônibus, sejam municipais, intermunicipais ou fretados, é importante a construção de pontos de ônibus cobertos fora da área de estacionamento, além da implantação no campus de pontos de carona cobertos em lugares específicos e bem iluminados.

Outro fator a ser considerado visando a melhoria das condições de segurança dos prédios seria a instalação de saídas de emergência, talvez com portas anti-pânico ou corta-fogo.

Além de todas essas medidas a serem realizadas, é extremamente preocupante as condições de segurança do acesso do campus, uma vez que o trevo é extremamente mal iluminado e sem calçamento, o que favorece a ocorrência de acidentes de carros, atropelamentos e roubos, já que há vários pontos onde pessoas mal-intencionadas podem se esconder. A via de acesso ao Campus deve ser calçada e bem iluminada para evitar ocorrências graves, especialmente no período noturno. Repete-se aqui novamente a necessidade de ampliação territorial do campus com a compra dos terrenos ao redor desta via de acesso.

Ainda dentro da questão de segurança, se faz necessário um sistema de combate a incêndio dentro das normas exigidas, com brigada de incêndio. É importante ressaltar que o CAP abrigará um contingente grande de alunos e de laboratórios e materiais potencialmente inflamáveis e perigosos, por isso é essencial a contratação de um técnico em segurança do trabalho que aja com fins de prevenir acidentes em todas as suas esferas. Faz-se necessário também a instalação de pára-raios para proteção de descargas elétricas, pois a região já tem um alto índice de raios e a arborização do campus pode aumentar a quantidade de descargas.


 

  1. Sustentabilidade

As diretrizes do CAP/UFSJ, conforme mencionado anteriormente, ressaltam que este Campus deve ser pensando de maneira eco-desenvolvimentista. Tal objetivo para um campus de engenharia é, por si só, altamente inovador. Se considerarmos que estamos ladeados por um patrimônio ecológico tombado (a Serra de Ouro Branco) e por uma usina siderúrgica de grande porte de outro (Gerdau Açominas), a posição do CAP é ainda mais interessante. Precisamos mostrar que é possível e necessário aliar desenvolvimento tecnológico com responsabilidade ambiental, a fim de estimular as empresas ao nosso redor a continuarem e expandirem seus investimentos na preservação do meio ambiente. Para alcançar estes objetivos, percebemos que investimentos de custo relativamente reduzido podem trazer benefícios significativos não só na aparência do Campus, mas também contribuir fortemente para a formação moral de nossos futuros engenheiros.

Reciclagem de água

É importante ser feito um estudo de custo de implantação de um sistema de coleta de água da chuva, para minimizar os efeitos da impermeabilização do solo, assim como reutilização da água. Pode-se, por exemplo, reutilizar a água usada em lavatórios para a descarga dos banheiros ou para irrigação.

Produção de energia renovável

Uma das grandes fontes potenciais de energia no CAP são os telhados do prédio principal. Estes poderiam ser utilizados para a instalação de painéis para o aquecimento de água ou mesmo fotovoltaicos. Outra possibilidade é a instalação de biodigestores anaeróbios para o tratamento primário dos resíduos líquidos e produção de energia. É importante que nosso plano diretor possua considerações sobre o custo e utilização de energia para que projetos que visem reduzir o uso de energia no campus possam ser bem fundamentados, de forma que quando as condições do mercado de energia estiverem favoráveis, fontes de energia alternativa possam ser imediatamente implementadas.

Gerenciamento de resíduos

Atualmente o CAP utiliza da estrutura da cidade de Ouro Branco para o tratamento de seus resíduos, tanto sólidos quanto líquidos, inclusive resíduos laboratoriais. Entretanto, em um modelo de auto-sustentabilidade completo todo o resíduo do campus deveria ser gerenciado pelo campus. Ainda que sejam utilizadas parcerias para a solução de problemas de maior escopo, é importante que o Campus participe efetivamente deste processo. Atualmente o campus possui lixeiras coloridas para a coleta seletiva de lixo, mas que efetivamente são inúteis, visto que não existe serviço de reciclagem disponível. É importante que façamos estudos de demanda para verificar a viabilidade da implantação de usinas de reciclagem na região, provavelmente em parceria com as prefeituras. É preciso também que essas lixeiras sejam espalhadas ao redor de todo o campus.

Sintonia com o Meio Ambiente

O grande destaque do CAP deve ser a sua harmonia com a natureza que lhe cerca. Mesmo dentro dos prédios devemos propiciar uma sensação de contato direto com a natureza. Por este motivo os prédios devem ter grandes janelas de vidro que permitam visualizar livremente a bela paisagem que nos cerca e os animais que passam por aqui. As árvores devem quase que entrar em nossas salas. A arborização deve ser a mais extensa possível, tanto na área interna quanto na área externa, sendo que nesta última o entorno dela deve ser arborizado com árvores frutíferas nativas da região para que pássaros e macacos possam vir se alimentar. Próxima ao entorno, perto das cadeiras e mesas da área externa, podem ser construídos comedouros com placas informativas sobre as espécies nativas da região. O respeito a fauna e a flora local deve servir de exemplo para as outras instituições. Mesmo nas áreas que forçosamente não deverão ser arborizadas por motivos diversos, deve-se utilizar o espaço para jardins floridos e bancos para tomar sol. Uma outra possibilidade que se abre é a criação de hortas e orquidários que podem ser cuidadas por alunos em projetos de extensão ou de iniciação.

Estímulo ao transporte alternativo

Embora o campus Alto Paraopeba esteja localizado fisicamente próximo ao centro de Ouro Branco (7 km) o uso de bicicletas como meio de transporte é inviabilizado pelas condições da estrada até a cidade. Um projeto de longo prazo poderia incluir a criação de uma ciclovia do CAP até Ouro Branco. Esta ciclovia poderia inclusive seguir o trajeto da Avenida Mariza, que, ao menos em tese, deveria seguir do atual Clube Palladium até a MG 443. É também necessário fornecer uma estrutura para trancar e proteger as bicicletas.


 

  1. Considerações finais

Este documento agrupa as sugestões de demanda dos membros da comunidade acadêmica do Campus Alto Paraopeba da UFSJ. Essas sugestões não estão embasadas em estudos quantitativos e também não são consensuais. Muitas dessas propostas podem ser consideradas utópicas ou irrealizáveis. Entretanto vale lembrar que a função de um plano diretor é primariamente avaliar, numérica e estrategicamente, todas as possibilidades. O julgamento de mérito de uma proposta só deve ser feito após a realização de extensa avaliação de custo x benefício.

A indisponibilidade atual de recursos, enquanto fator determinante para a execução de um projeto, não pode ser motivo para a rejeição de uma proposta. O bom administrador sabe que cada projeto, por mais mirabolante que nos pareçam à primeira vista, possuem um tempo de maturação e um momento de execução. A disponibilidade de uma variedade de projetos, desde que bem fundamentados, é um fator determinante do sucesso de instituições e empresas.

Em vários pontos deste texto foi levantada a importância da participação da comunidade acadêmica no processo de elaboração do plano diretor. Vale ressaltar que tal participação neste processo não deve se restringir à sugestão de demandas, aqui apresentadas, mas principalmente no acompanhamento de cada etapa do processo. Dessa forma, esperamos que o plano diretor da UFSJ se torne muito mais que uma simples sugestão pontual de direcionamento, se tornando um marco na história da UFSJ a ser lembrado como exemplo de correta utilização dos princípios de administração e engenharia e evidente em cada estrutura, em cada esquina, da UFSJ dos anos vindouros.

Um plano diretor nos diz o que o CAP será nas próximas décadas, no entanto existem alguns problemas que demandam soluções imediatas. Dentre eles se destaca a questão da segurança, o aumento da banda da internet, a liberação de licença para novas cantinas e a ampliação das salas de estudo dos alunos e dos espaços para as copias e impressão. A biblioteca e o auditório são também demandas urgentes, mas entendemos que são problemas que já estão em vias de resolução. Os outros problemas exigem atenção imediatas, pois são gargalos já existentes no CAP. Deve ficar claro também que nem todos os problemas serão resolvidos com construções e novas infra-estruturas. É necessária a contratação de pessoal, principalmente técnicos, para que tudo o que foi dito aqui possa de fato ser implementado de uma maneira funcional.

 

 

 

Este texto foi criado em um esforço coletivo e aberto a todos, e apresentado para toda a comunidade do CAP. Dado o tempo inferior a uma semana que nos foi dado para prepará-lo não foi possível que todos fossem consultados. Foi feito o possível para que ele representasse as demandas de todos os setores do CAP. Entende-se que a interação entre a comunidade do CAP (discentes, docentes e técnicos) e a criação do Plano Diretor não se encerra por aqui, sendo necessários futuros encontros e futuras reuniões para que o plano diretor atenda aos anseios daqueles que serão mais diretamente influenciados e envolvidos por ele. Espera-se que esta interação seja contínua e que conte com a participação de todos os interessados desde o planejamento até a entrega final.


Última atualização: 01/04/2025